Corpus Christi: um chamado a crescer na fé na Eucaristia

Visitando as cidades de Bolsena e Orvieto, na Itália, encontram-se as origens da Solenidade do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo (Corpus Christi), que se celebra sempre na primeira quinta-feira depois do domingo da Santíssima Trindade. No século XIII, quando o cônego Tiago Pantaleão de Troyes, futuro Papa Urbano IV, de Liége, na Bélgica, teria recebido o segredo de Juliana de Mont Cornillon que alegava ter tido visões que pediam que o mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque.

Um sacerdote chamado Pedro, que teria peregrinado a Roma vindo de Praga, no caminho de volta foi celebrar a Eucaristia na Igreja de Santa Cristina, em Bolsena. Foi ali que teria ocorrido um milagre eucarístico, quando o sacerdote viu sair dela o Sangue que empapou o corporal. Sabendo desse fato, o Papa Urbano IV, que residia em Orvieto, uma cidade próxima, mandou que fossem trazidos os objetos milagrosos em grande procissão, que foi realizada em 19 de junho de 1264. O Papa recebeu o Corporal com o Sangue milagroso, o qual se conserva na Catedral de Santa Maria Prisca até hoje, e publicou uma bula, em 11 de agosto do mesmo ano, instituindo a Solenidade de Corpus Christi.

A festa de Corpus Christi foi se propagando pelas várias Igrejas da Europa, primeiro na Alemanha, depois na França e na Itália. Com o tempo em algumas cidades de Portugal e do Brasil foi surgindo a tradição de ornamentar as ruas por onde passaria o Santíssimo Sacramento em procissão. Sempre foram muito belas as demonstrações de fé e de devoção à Santa Eucaristia, neste dia de Solenidade.

Como se vê, Corpus Christi nasceu em um tempo no qual havia ainda muitas dúvidas sobre a presença real do Corpo e do Sangue de Cristo, nas espécies do pão e do vinho eucarísticos. Se pensarmos bem, hoje, talvez não seja esta a nossa dúvida, mas tem faltado a muitos a fé, a devoção a Cristo eucarístico, frequentar assiduamente a Santa Missa, valorizar mais o mistério da Eucaristia. Poder ir à missa ao menos aos domingos, mais do que uma obrigação, é um grande presente que o Senhor nos oferece: reunir-se para ouvir a sua Palavra, receber da sua presença que para nós é sustento e alimento! Que pode haver de mais especial que isto?

O Papa João Paulo II, na Encíclica Ecclesia de Eucharistia, dizia que a Eucaristia torna presente o sacrifício da cruz. É a memória do sacrifício redentor de Cristo, no qual a Igreja, unida a Ele, oferece-se ao Pai. É um mistério maravilhoso de comunhão, no qual entramos em uma união íntima com Cristo. «Quem se alimenta de Cristo na Eucaristia não precisa esperar o Além para receber a vida eterna: já a possui na terra, […] remédio de imortalidade, antídoto para não morrer». Como é forte e belo o mistério que nos abre as portas do céu já aqui na terra! Por isso, precisamos pedir sempre a graça de crescermos na fé no dom que o Senhor nos faz. Também nós, podemos ser dons e sermos pão para os irmãos, como Cristo que por nós entrega a sua vida, no seu Corpo e Sangue.


Padre Felipe Fabiane, sacerdote da Diocese de Guarapuava – PR. Doutor  em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, atualmente é secretário da Nunciatura Apostólica no Zimbabwe, sul da África.