Uma dúvida que inquieta muita gente é sobre a possibilidade de pecar por pensamentos. Rezamos na missa, no momento do ato penitencial, reconhecendo que pecamos por pensamentos, palavras, atos e omissões. São quatro formas de pecar, e umas delas é justamente o pecado por pensamentos. O texto bíblico do profeta Isaías ensina “Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor” (Is 55,8). Jesus nos ensina que do interior do homem procede a maldade. “Porque é do coração que provém os maus pensamentos…” (Mt 15,19). Mas afinal de contas, como é possível alguém pecar por pensamentos? Seria pecado qualquer pensamento ruim? Como seria possível controlar os pensamentos para não pecar?
Ora, ninguém precisa sair por ai procurando controlar os pensamentos para não pecar. Precisamos então compreender em que sentido existe pecado por pensamentos. O pensamento em si é involuntário, incontrolável e despertado pelas situações que nos deparamos no cotidiano. Nesse caso, o pensamento se apresenta como algo isento de valor moral.
Muitos dos males que afligem a humanidade são planejados e elaborados, no interior do ser humano. Nesse sentido é que devemos entender o pecado por pensamento, enquanto planejamento para o mal. Tenhamos como exemplo a bomba atômica. Ela foi inventada pelo cientista Robert Oppenheimer (1942-1945). Tanto esse cientista como outros envolvidos com o projeto da bomba tiveram que pensar muito para produzi-la. Assim as guerras, brigas, agressões contra a vida são planejadas. E o pecado por pensamentos consiste nesses planos maldosos que cultivamos para prejudicar nosso próximo. Não se trata de meros pensamentos que passam em nossa mente, mas sim planejamentos maldosos que alimentamos e cultivamos.