Dia das Mães

No domingo próximo, dia 10, comemoramos o dia das mães. Não gosto muito destas datas festivas, porque elas remetem mais ao comércio, do que às nossas próprias mães. As redes de lojas é que gostam de dias como estes, para aguçar ainda mais o nosso consumismo. Não digo que as nossas mães não mereçam ser presenteadas. Se bem que, neste sentido, sou mais os orientais, que compreende que o melhor presente que alguém pode ao outro é a si mesmo.

A minha mãezinha fez a sua páscoa ainda muito jovem, há 44 anos atrás, aos 41 anos de idade. Mulher guerreira, que soube como educar os seus filhos de forma correta, com valores e princípios. Dela, aprendemos e herdamos critérios ainda hoje válidos para uma convivência respeitosa em nossa sociedade. Sou o que sou e quem sou por tive uma mulher muito segura de si, a mostrar-nos o caminho através do exemplo de sua própria vida. Ela ia à nossa frente fazendo o que deveríamos também fazer.

Todavia, uma mãe em especial, no dia 10 de maio de 1986, véspera do dia das mães, há 34 anos atrás, vivia o seu calvário de mãe diante do filho, barbaramente assassinado, por fazendeiros cruéis. Neste fatídico dia, o filho da dona Olinda, padre JOSIMO MORAIS TAVARES, aos 33 anos de idade, Fazia a sua páscoa antecipada, perdendo a vida em conseqüência de vários tiros a queima roupa. Josimo foi assassinado numa das regiões mais violentas que é o Bico do Papagaio, onde era coordenador da CPT – Comissão Pastoral da Terra Araguaia Tocantins.

Mesmo sabendo que era um CABRA MARCADO PARA MORRER, Josimo não arredou o pé da luta. Não se curvou aos anjos da morte do latifúndio, sendo um fiel seguidor de Jesus, numa clara opção pelos pobres de Javé, dos trabalhadores e das trabalhadoras explorados pelas forças opressoras do latifúndio, tão forte naquela região do país.

Josimo aprendeu com a mãe, desde cedo, a lutar pelos pequenos. Como a dona Olinda era uma mulher muito forte e de luta, tão logo aconteceu o assassinato de seu filho, ela saiu pelo Brasil divulgando o filme que trazia em seu enredo a luta de seu filho, padre Josimo: “CABRA MARCADO PARA MORRER.” Foi nesta ocasião que conheci esta grande mulher; Estando em São Paulo para esta divulgação, deu-nos uma palestra no ITESP – Instituto Teológico São Paulo. Sugiro que assistam ao filme.

Padre Josimo virou sinônimo de luta para todos nós daquela época. Os formandos do curso de teologia, tínhamos em quem espelhar, se quiséssemos seguir as pegadas de Jesus, neste contexto de luta de defesa, contra o poderio do latifúndio. Também, padre Josimo virou tema de várias ROMARIAS DA TERRA E DAS ÁGUAS por este Brasil afora. Nós aqui da Prelazia de São Félix do Araguaia, temos no Santuário dos Mártires da Caminhada, em Ribeirão Cascalheira, a foto do padre Josimo, como um dos muitos mártires nossos, que deu a sua vida na luta pelos pequenos.

Padre Josimo fez o seu martírio, em conseqüência da sua fidelidade às causas de Jesus de Nazaré, que também foi assassinado pelas forças da morte. Assumiu até as últimas conseqüências o mandamento de Jesus, “Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 12-13). PADRE JOSIMO, PRESENTE NA CAMINHADA!