É bem provável que você conheça alguém que leva uma vida desligada dos princípios religiosos, certo?
Infelizmente, muitas vezes, quando nos deparamos com essas pessoas tecemos críticas; e dependendo da situação até mesmo a condenamos como um caso perdido. Mas quando agimos desta maneira estamos desconsiderando o poder transformador de Deus. Pois São Paulo nos recorda que onde abundou o pecado superabundou a graça. Por isso, ninguém é um caso perdido, isto é, todos, independente dos erros e limitações são chamados a ser santos e são capazes da conversão. E o Santo que a Igreja nos convida a contemplar no dia de hoje nos faz entender isso com maior clareza. Enfim, que santo celebramos hoje? Você já conhece a história de Santo Agostinho? Pois bem, hoje conheceremos um pouco melhor a história de vida deste grande Santo e doutor da Igreja.
Agostinho nasceu no dia 13 de novembro de 354 em Tagaste na cidade de Numídia (atualmente Argélia), localizada no norte da África, que naquela época era colonizada pelo Império Romano. Seu pai era um pagão que desconhecia as verdades da fé, já sua mãe, santa Monica, era uma cristã muito devota que exerceu uma profunda influência sobre a conversão do filho.
Praticamente toda a sua infância e adolescência transcorreram em sua cidade natal que era um povoado distante dos grandes centros e de difícil acesso, pois se encontrava entre as montanhas; mas foi aí que Agostinho ainda criança iniciou seus estudos. Vale ressaltar que neste período ele era um adolescente rebelde e desregrado, como ele mesmo expõe na sua obra Confissões.
Depois dos estudos primários foi para Madura, onde se dedicou aos estudos de retórica. Sua inteligência era brilhante e lendo decorava os textos de poetas e prosadores latinos. Foi então que começou a nutrir grande admiração por Virgílio e Terêncio, e se espelhava neles. Neste período estudou física, música, matemática e filosofia. Desta maneira, seu brilhantismo tornou-se incomparável.
No ano de 371, se mudou para Cartago, que depois de Roma era a maior cidade do Ocidente latino. Cartago era o centro do paganismo e assim ele foi seduzido pelos prazeres que ela oferecia. Também se encantou pelo esplendor das celebrações em honra aos milenares deuses cultuados pelo Império Romano.
Nesta época, entregue aos prazeres carnais, conheceu uma jovem e com ela teve seu filho, chamado Adeodato. Ainda neste período, Agostinho sedento de conhecimento estudou de tudo, até mesmo as Sagradas Escrituras, mas acostumado com estilo erudito dos filósofos se desencantou com o estilo simples da escrita da Bíblia. E assim, as Escrituras não o cativaram. Mas isso porque o seu coração estava fechado para o conhecimento verdadeiro que consiste na Revelação Divina.
Depois de três anos nesta cidade, concluiu o estudo superior em retórica e eloquência e voltou para a terra natal, e lá fundou uma escola para ensinar gramática e retórica. Todavia, ficou pouco tempo em Tagaste e logo retornou à Cartago onde continuou se dedicando ao ensino de retórica. E em 383 seguiu para Roma e um ano depois foi nomeado mestre em eloquência em Milão.
Reconhecido por todos como um grande orador, continuava inquieto e essa inquietude era algo que não o abandonava. Isso fazia com que ele buscasse o conhecimento incessantemente, desta forma, adotou o maniqueísmo, seita condenada pela Igreja como heresia. Nesta seita ele permaneceu por doze anos, mas conforme foi se aprofundando ela já não satisfazia sua inquietude e, assim, ele resolveu abandonar esse grupo. E o ceticismo dominou seu coração. Entretanto, neste período começou a frequentar os discursos de um famoso bispo chamado Ambrósio, que com grande eloquência transmitia claramente as verdades da Fé. E assim, nos brilhantes sermões de Santo Ambrósio ele começou encontrar respostas para algumas de suas dúvidas. E ao ver a interpretação coerente do santo bispo, passou a admira-lo; e a influência de Santo Ambrósio foi decisiva para sua conversão ao catolicismo. Sendo assim, no ano de 387 Agostinho foi batizado juntamente com seu filho Adeodato. E no ano seguinte retornou a Tagaste onde se dedicou a vida monástica.
Nesta época vendeu os bens que possuía e entregou aos pobres, conservando apenas uma pequena porção de terra onde construiu o primeiro mosteiro agostiniano. Como religioso exemplar, em 391 foi ordenado sacerdote e em 396 sagrado bispo auxiliar de Hipona, onde se tornou um dos maiores representantes da teologia católica.
Entre 397 e 398, escreveu “Confissões” narrando sua experiência de vida e seus atos de rebeldia contra Deus até sua conversão. Este livro é uma autobiografia dotada de linguagem filosófica que exprime o pensamento de que a Verdade e Deus devem ser buscados na alma, e não no mundo exterior.
Em 413 inicia uma de suas obras mais famosas “A Cidade de Deus” onde consola os cristãos após Roma ser invadida pelos bárbaros e incentiva seus contemporâneos a entender o sentido profundo da história. Convertido, passou o resto de sua vida se dedicando a escrita para o bem da Igreja; e foi graças ao grande gênio de Santo Agostinho que muitos erros que ameaçavam a Igreja naquele período foram eliminados.
Portanto, irmãos, é interessante observarmos a história de vida deste grande santo de nossa Igreja e entender que os planos de Deus para cada um de nós estão além de nossa compreensão e que por isso não podemos desesperançar da conversão dos pecadores, mas antes, assim como a mãe de Santo Agostinho, rezar pela conversão do próximo, e pela conversão individual diária. E que aprendamos com esse testemunho, que todos tem jeito, isto é, todos são capazes da conversão.
Santo Agostinho, rogai por nós!
Eduardo Correia Nassar, é graduado em Filosofia, atua como Ministro Auxiliar da Sagrada Eucaristia e Catequista na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Rosário do Ivaí PR.