Suicídio na juventude

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde, Organização Mundial da Saúde (OPS/ OMS), é possível pensar a juventude como uma fase de transição, entre a adolescência e a vida adulta, um momento de preparação para o futuro, na condição de adulto, quando o indivíduo pode e deve assumir integralmente as funções, produtivas e reprodutivas, com todos os deveres e direitos implicados na participação social.

No Brasil, a Política Nacional de Juventude (PNJ), considera jovem todo cidadão ou cidadã da faixa etária entre os 15 e os 29 anos. A Política Nacional de Juventude divide essa faixa etária em 3 grupos: jovens da faixa etária de 15 a 17 anos, denominados jovens-adolescentes; jovens de 18 a 24 anos, como jovens-jovens; e jovens da faixa dos 25 a 29 anos, como jovens-adultos. (Abramo, 2008).

Existem mais de 52,2 milhões de jovens no Brasil, com faixa etária entre 15 e 29 anos, em que muitos ainda vivem situações de desigualdade e são vítimas de problemas socioeconômicos. Nesse sentido, há anos vêm se tentando estabelecer e desenvolver cada vez mais políticas públicas para a juventude, destinadas a intervir naqueles que compõem esse grupo social segundo Waiselfisz (2014).

Segundo a OMS, a prevenção do suicídio continua sendo um desafio universal, são 12 mil suicidas todos os anos. Cerca de 96,8% dos casos tem relação com transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e do abuso de substâncias. Com esses números, o suicídio encontra-se entre as três principais causas de morte em indivíduos com idade entre 15 e 29 anos no mundo.

De acordo com a OMS suicídio é o resultado de uma convergência de fatores de risco genéticos, psicológicos, sociais e culturais e outros, podendo ser combinados com experiências de trauma e perda. Pessoas que tiram a própria vida representam um grupo heterogêneo, com influências causais únicas, complexas e multifacetadas que precedem seu ato final. Cada vida perdida representa um parceiro, filho, pai, mãe, amigo ou colega de alguém. Para cada suicídio, aproximadamente 135 pessoas sofrem intenso luto ou são afetadas de outra forma. Um desafio para os especialistas em prevenção de suicídio. Esses desafios podem ser superados pela adoção de uma abordagem multinível e coesa para a sua prevenção.

Segundo a ABP (2014), é possível identificar fatores de risco, entre os principais estão: tentativas prévias de suicídio; doença mental (depressão, transtorno bipolar, alcoolismo, abuso/dependência de outras drogas, transtornos de personalidade e esquizofrenia); acesso a meios letais. É importante nos atentarmos a eles, pois são parâmetros que, se verificados, somados e avaliados com precisão, podem ser indicativos para a tomada de medidas efetivas de prevenção ou suporte. É possível identificar sentimentos, como: tristeza, depressão, solidão, desamparo, desesperança e autodesvalorização, e os pensamentos comuns entre suicidas: eu preferia estar morto, quero sumir, eu não aguento mais, vão ser mais feliz sem mim, sou um perdedor, sou um peso parar os outros, eu não posso fazer nada.

Marx (2006) já afirmava que o suicídio é um entre tantos sintomas da luta social geral. Historicamente, o suicídio é um importante desafio para profissionais e estudiosos de campos da medicina, filosofia, psicologia, psiquiatria, educação, antropologia e sociologia. Diante deste triste cenário é possível encontrar proteção e ajudar essas pessoas que apresentam risco de suicídio, é possível ouvir com cordialidade, respeito, empatia com as emoções, com cuidado e sigilo, e encaminhar para atendimento especializado. Vale lembrar que o bem estar coletivo, só é possível pela promoção dos direitos humanos, pelo respeito à diversidade expressa em todas as formas de ser e existir e pela construção de meios concretos e subjetivos para que os indivíduos em sofrimento possam cultivar a esperança e fazer uma escolha definitiva pela vida.

Lembre-se suas emoções e seus pensamentos não são frescura, se precisar peça ajuda.


Andréia Aparecida Oliveira – CRP 08/19882
Graduada em Psicologia, com especialização em Análise do Comportamento. Atua na área da psicoterapia infantil. Atende em Candói na Clínica Oliveira Psicologia, é voluntária e coordenadora da Pastoral da Escuta na Paróquia Santa Clara, trabalha na APAE de Candói. Em Guarapuava atende na Clínica Essence Psicologia