“Os justos viverão para sempre” (Sl 37,9)

Reflexão:
XXV Domingo do Tempo Comum
19/09/21
Na Liturgia deste Domingo, XXV do Tempo Comum, veremos, na 1a Leitura (Sb 2, 12. 17-20), que os que seguem a Lei de Deus nem sempre são compreendidos e amados, as vezes, são até hostilizados e desprezados. Mas, afinal, qual a vantagem em ser justo ou ímpio (incrédulo, desumano, insensível)?
Os ímpios vivem para si mesmos, buscam satisfazer seus desejos, mesmo se à custa da destruição da vida dos outros, vivem somente como se não tivessem o amanhã, não conhecem a Deus e zombam de quem é fiel.
Os justos pautam suas vidas a partir da Palavra de Deus, ao amor aos pequenos e, acima de tudo, abarcam o Projeto de Deus, mesmo que lhes custe sacrifícios, renúncias e gestos heroicos. A Palavra de Deus nos diz que os “justos viverão para sempre”, basta ver o exemplo de nossos santos e a luta de muitos líderes populares na história do Brasil: Sepé Tiaraju (líder dos índios Guaranis), Zumbi dos Palmares (líder dos negros nos quilombos), Frei Caneca (líder dos pobres na Confederação do Equador), Antônio Conselheiro (líder na revolta dos “Canudos” em Belo Monte), e poderíamos citar muitos outros.
Na 2ª Leitura (Tg 3, 16-4,3), Tiago nos chama a atenção para vivermos segundo a sabedoria divina: “A sabedoria, porém, que vem do alto, é primeiramente pura, depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento”. Para o autor bíblico, a raiz de todo mal é o afastamento de Deus, as paixões desordenadas, isto é, a egolatria (adoração de si próprio, não vê e nem se importa com as necessidades e sofrimentos dos outros).
No Evangelho (Mc 9, 30-37), vemos que Jesus está a caminho de Jerusalém e, então, educa os discípulos quanto ao exercício do poder serviço. Jesus é Rei e veio para servir (não para ser visto como algumas pessoas que aspiram à grandeza e ao prestígio pessoal). Estar com Jesus é servir, e servir é reinar. “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra”. Quanto maior a autoridade, maior serviço lhe cabe prestar ao maior número de pessoas. Os discípulos tiveram muita dificuldade para entender quem era Jesus, justamente porque se deixavam conduzir pela lógica dos ímpios, pois cada um queria ser maior que os outros.
No serviço ao bem comum, todos se beneficiam; ao contrário, no desejo de poder estão os maiores males da humanidade. Jesus, neste Evangelho, nos estimula ao primeiro lugar, não à custa da derrota dos outros, mas a favor dos outros. “Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”.
Para concluir, penso que uma pessoa ou comunidade fechada em si mesma, insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer as injustiças é um contratestemunho e celebra indignamente a própria liturgia.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, atualmente é professor do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá.