Será um milagre? Caminhão consumido pelo fogo, no interior do Paraná, preservou a imagem de Nossa Senhora Aparecida

Recentemente, na terça-feira, dia quatro de janeiro, aconteceu um grave acidente na PR 158, próximo a ponte do Rio Xagu, no município de Rio Bonito do Iguaçu. Devido ao aquecimento do sistema de freios uma carreta pegou fogo, mas felizmente o motorista conseguiu abandona-la em tempo. O veículo foi quase consumido pelas chamas.

Chamou atenção das pessoas que tomaram conhecimento do ocorrido a preservação de uma pintura de Nossa Senhora Aparecida, estampada na parte traseira do baú da carreta. Sem hesitar, muitos acreditam que a preservação foi um sinal divino, ou seja, um milagre de Nossa Senhora.

Muitos católicos estão se perguntando se é correto falar de milagre nesse caso. Para respondermos essa questão, precisamos ir além da definição tradicional de milagre, oriunda de São Tomas de Aquino. Segundo essa definição tradicional, milagre é sempre suspensão ou violação das leis da natureza, pela ação de outra força agindo em nosso mundo, o próprio Deus.

Para os homens da Bíblia milagre era algo bem mais simples. Bastava algo ser maravilhoso a ponto de despertar o olhar da fé para ser considerado milagre. Eles nunca perguntavam se aquilo que viam Jesus realizar era sempre inexplicável para ciência ou excedia as forças da natureza, como a gente faz hoje, até porque não conheciam o método científico e as leis da natureza como nos conhecemos. Portanto, milagre não deve ser apenas entendido como algo inexplicável pela ciência atual, mas também o natural do dia a dia que corrobora para nosso bem.

Duas posturas podem ser observadas pelos conterrâneos, diante das maravilhas que Jesus realizava: a postura dos incrédulos e a postura dos homens de fé. Estes últimos nunca duvidavam dos milagres de Jesus, pois sempre olhavam com fé e se admiravam (Mt 8,26-27; 9,6-8; Mc 5,20; Lc 4,36-37). Todas as ações maravilhosas realizadas pelo Mestre, que escapavam da compreensão, eram tidas como milagres. Por outro lado, os incrédulos olhavam naturalmente e até zombavam de Jesus por causa dos seus prodígios (Mt 9,34; Mc 3,22; 6,5-6; Jo 9,30-34). Para eles não passava de algo normal muita coisa que viam Jesus realizar . Infelizmente lhes faltava a fé para ver o milagre.

Diante de um acontecimento natural, como esse da carreta cuja parte onde estava a estampa da imagem preservada do fogo, o católico pode ver um sinal da mae de Deus e pode dizer que vê nisso um milagre, sem problemas. Afinal, milagre não significa apenas o inexplicável pela ciência, mas também os acontecimentos naturais, dos quais o crente tira uma lição de fé.

Então, se você tiver fe vai ver mais milagres. Se você viajou nesses dias e não se envolveu em acidente, certamente recebeu milagre maior do que aquelas pessoas que foram salvas após um acidente grave. E se você não ficou doente, certamente recebeu milagre maior do que aquelas pessoas que se recuperaram após terem passado alguns dias difíceis em algum hospital. É a sua fé que lhe permite reconhecer o milagre, tanto nos acontecimentos inexplicáveis como nos acontecimentos naturais e ordinários do cotidiano. Portanto, se olharmos o natural com fé veremos mais milagres em nosso cotidiano, pois na harmonia do universo e da vida se realizam os grandes milagres divinos.

Foto: Portal Cantu em Foco.


Padre Gilson José Dembinski, é graduado em Teologia, Filosofia. Especialista em Psicologia Pastoral, Teologia Bíblica e Ensino Religioso, Orientação Espiritual, Parapsicologia Clínica e Hipnoterapia. Formação profissionalizante: Introdução à mágica.