Estava aqui relendo O Pequeno Príncipe, este clássico da literatura, escrito pelo aviador francês Antoine de Saint-Exupéry. Difícil de se imaginar quem ainda não leu este livro, cheio de ensinamentos bons. Eu quis relê-lo por causa desta frase, que já a citei inúmeras vezes: “O essencial é invisível aos olhos”. Esta frase foi proferida pela raposa, na sua conversa com o príncipe. Ela ainda completa o dialogo dizendo: “Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”
O diálogo nos inspira e duas palavras ditas nele, nos chamam particular atenção neste contexto de nossas vidas hoje: as palavras OLHOS e CORAÇÃO. Muitos de nós vemos, mas nada enxergamos à nossa frente, apesar dos olhos estampados em nossa face. Para muitos, o coração que coordena o ritmo do sentimento em nossas vidas, parece que não bate dentro do peito ditando a hora da misericórdia a ser vivida.
VIU, SENTIU COMPAIXÃO e CUIDOU DELE, diz a Campanha da Fraternidade/2020, da Igreja católica. No entanto, perguntado à porta de seu palácio, sobre as centenas de mortos hoje no Brasil, vítimas da Covid-19, o mandatário mor da seita dos enfurecidos satânicos, simplesmente respondeu que ele não era um coveiro pra saber de mortos. Numa falta de total respeito às famílias destes mortos, já que o falecido, nem, as honras funerárias lhe podiam ser prestadas. Vejam a que ponto chegamos.
Está difícil enfrentar esta hora de nossa pátria amada salve-salve. Não bastasse a morte a rondar as nossas cidades, um ser desprovido de coração, dá uma resposta mal educada para uma pergunta que todos estamos a fazer e de quais medidas estão sendo tomadas para o enfrentamento desta realidade cruel.
Uma delas já sabemos. O dono da companhia aérea trocou, em pleno vôo, o piloto da aeronave, que está passando por uma forte turbulência. E o que é mais triste ainda é saber, que o referido piloto nem sabe o endereço do aeroporto, perdido que está em seus devaneios de aspirante saído dos filmes de Alfred Hitchcock.
O essencial é invisível aos olhos, só se vê com o coração, nos alerta a raposinha. Este é o mesmo coração de todos aqueles profissionais de saúde que estão, arriscando as suas vidas e as dos seus familiares, trabalhando incansavelmente nas nossas unidades de saúde. Estes sim, pessoas do bem, enxergando com os olhos do coração a realidade dos familiares que tem os seus ali internados, muitos dos quais nunca mais verão os seus entes queridos. Com um coração enorme pulsando no peito, cada um deles nos faz lembrar o coração do próprio Deus Conosco que aqui está. Estes sim, nos fazem entender de que somos a imagem e semelhança do criador.
Mas isso vai passar. Vai mesmo. E quando tudo isso passar, eu espero que estejamos prontos para reconhecer a importância destes heróis e heroínas para as nossas vidas. A economia é importante, mas muito mais importante que ela, são as nossas vidas e as vidas daqueles e daquelas que deram e dão as suas vidas pelas nossas vidas.
Finalizando, eu só gostaria de dizer ao coveiro de plantão, uma frase de François Rabelais, escritor, médico e padre francês do século XVI: “Conheço muitos que não puderam, quando deviam, porque não quiseram quando podiam.” A sua hora vai chegar. Ô se vai!