O Papa Leão XIII, disse em uma carta encíclica, que ser cristão é ser um combatente e que o medo traz vantagens aos inimigos da fé, porque nada desperta tanta audácia dos maus quanto a fraqueza dos bons,[1] ou seja, precisa ser valente como um soldado para se dedicar a causa de Cristo; tendo sempre em vista que ele morreu nu pendido numa cruz. Como podemos nós, seguidores de Cristo, querermos nos livrar da nossa cruz?
Os santos traziam a cruz de Jesus diante de seus olhos e pregada em seus corações. Por isso estavam dispostos a morrer se fosse necessário, para poder partilhar com Ele a gloria do reino celeste, isto é, o resultado do seguimento. Para segui-lo é necessário negar a si mesmo, tomar a cruz sem desanimo e marchar, mesmo que o resultado de tal decisão seja a morte. E a consequência da decisão do santo que hoje a Igreja nos convida a refletir foi essa: a morte. Vamos conhecer um pouco melhor a história do bravo santo de hoje?
São Vicente foi um santo amado por Santo Agostinho, Santo Ambrósio, São Prudêncio e tantos outros que expuseram o testemunho desse bravo diácono e mártir da Igreja Católica.
De acordo com seus biógrafos, São Vicente nasceu na Espanha, em Huesca, no século III. Pertencia a uma família muito distinta e respeitada por todos na região onde habitava. A família era considerada pela honra, bravura e força de caráter. Ele, desde jovem se interessou pela vida dos cristãos, admirava a forma que eles viviam e como eram alegres por escolher seguir os passos de Jesus. Não tardou para se sentir em seu coração o chamado à viver essa fraternidade cristã, embora, sabendo dos riscos que corria, pois nesse período a Igreja era perseguida pelo imperador Diocleciano. Nessa época o imperador obrigava os cristãos a se declarar a favor dos deuses e caso o contrário eram martirizados.
São Vicente era um exímio pregador, e quando pregava as suas palavras tocavam no íntimo do coração dos ouvintes. Sua palavra era viva, pois era acompanhada da prática. Era um exemplo de ministro de Jesus. Ele era muito fiel ao bispo e ao povo. Seu caráter e amor a Igreja o faziam disposto a arriscar a própria vida para não trair aquilo que pregava e vivia. Sendo assim, mesmo diante da ameaça, não temia os poderes humanos, pois o poder maior ele sabia que estava no céu e que jamais desampararia a sua alma. E para ele o que importava era o espiritual, desta maneira podiam atacar seu corpo; seu espirito era intocável diante das ameaças terrenas. Portanto, quando o capturam, não negou sua fé, não recuou. Mantendo sua cabeça erguida diante do imperador professou sua fé. Por causa de sua coragem, seu martírio foi lento, com o intuito de vencê-lo para que Diocleciano se desse como vencedor diante do cristianismo. Mas São Vicente foi fiel, não se abalou diante dessa tribulação. Tinha diante de si uma força inigualável, era o próprio Deus que lhe dava sustento diante das dores que sentia. Foi até levado a grelha, da mesma forma que São Lourenço, e assim teve seu corpo dilacerado, depois foi jogado numa prisão. Na sua cela e sofrendo dores terríveis, morreu agradecendo a Deus pelos benefícios que recebeu em vida e professando a Fé em Jesus Cristo modelo de coragem para os cristãos.
Irmãos, quantas vezes reclamamos da cruz que carregamos. Quantas vezes nos sentimos abandonados por Deus diante das adversidades que a vida nos apresenta. Quantas e quantas vezes omitimos nossa fé para evitar sofrimentos terrenos. Será que temos a mesma disposição dos santos? Mas onde os santos adquiriam tanta força e disposição para abraçar a cruz? Na oração. Somente através da oração encontramos a força necessária para caminhar rumo ao céu.
Que São Vicente, bravo seguidor de Jesus, interceda a Deus por nós, para que sejamos cristãos autênticos, soldados, guerreiros valentes em defesa da fé.
[1] Encíclica – Annum Sacrum, A consagração da humanidade ao Sagrado Coração de Jesus
Eduardo Correia Nassar, é graduado em Filosofia, atua como Ministro Auxiliar da Sagrada Eucaristia e Catequista na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, em Rosário do Ivaí PR.