A correção fraterna

O Evangelho deste final de semana, Mt 18,15-20, é o início de um belíssimo discurso de Jesus sobre o perdão. Trata-se duma grande lição, que deve iluminar todos os nossos relacionamentos. O Mestre deixa claro a nossa responsabilidade e compromisso com a consciência do irmão. Somos corresponsáveis pela salvação uns dos outros. Por isso, o caminho de Jesus deve ser acolhido e vivido com humildade e generosidade de coração.

O discurso de Jesus é bastante pedagógico. Ele responde à uma pergunta muito pertinente: qual dever ser a atitude do cristão diante do pecado alheio? O Senhor nos oferece um belo caminho: a correção fraterna. Antes de tudo, o verdadeiro de cristão deve ter como horizonte a salvação do irmão. A correção fraterna não consiste em apontar o erro, mas em buscar o bem do outro, ajudando-o a endireitar seu caminho na busca pela vida e pela liberdade de filho de Deus. Sua inspiração não é nenhum ideal social utópico, mas o amor concreto com que o Senhor nos amou. Ela é discreta e jamais expõe o pecador à uma situação humilhante ou vexatória. Há uma insistência de Jesus na atitude de cooperação. Não se deve desistir do outro com facilidade. A condenação só é possível depois que o pecador recusar o perdão e decidir permanecer livre e conscientemente no pecado.

A correção fraterna não é nenhuma expressão estranha aos nossos ouvidos. Por quê, então, temos tanta dificuldade de vivê-la? Infelizmente, ainda estamos muito presos aos nossos ideais de perfeição. Esperamos que as pessoas correspondam às nossas expectativas e nos frustramos profundamente quando isso não acontece. Muitas vezes, até nos sentimos incomodados com o pecado do outro, porque ele nos lembra a nossa própria fragilidade e o quão distante estamos dos nossos ideais. É preciso acreditar na capacidade de conversão do outro. Afinal, a conversão é uma atitude fundamental na práxis cristã. Deixar de acreditar na conversão do outro é deixar acreditar na nossa própria transformação, criando um drama existencial profundo, capaz de transformar a nossa existência num cenário de total escuridão. Todos nós somos limitados e imperfeitos. Perdoar é uma arte que todo cristão deve dominar.