A dor de quem tem dor

Já não aguentamos mais falar em pandemia, coronavírus, isolamento social, revelou dia desses uma amiga minha. De fato, as pessoas estão ficando com os nervos à flor da pele. Tenho conversado com pessoas que estão vivendo num clima tão tenso que algumas delas já começam até sentir os sintomas da doença, mesmo sem estarem contaminadas. Evidentemente que se trata de uma angústia condicionada pelo estado psicológico destas pessoas.

Precisamos manter a tranqüilidade e o cuidado para não nos deixarmos levar pelo DESESPERO. Num estado de angústia, a que somos submetidos, facilmente podemos ficar desesperançados e perder o horizonte de nossas existências. É preciso encarar com realidade tudo o que está acontecendo, mas caminhar com os pés no chão ACREDITANDO SEMPRE NO AMANHÃ. Uma pandemia como a do coronavírus meche com o emocional das pessoas. Ausência do TRABALHO, ISOLAMENTO SOCIAL, MEDO, INCERTEZA com o futuro, MUDANÇA no ritmo das relações sociais, são apenas alguns fatores que podem culminar em transtornos como DEPRESSÃO e ANSIEDADE. Mais do que nunca, precisamos preservar a nossa SAÚDE MENTAL nesses momentos tão difíceis.

Não há duvida de que o novo coronavírus trouxe uma realidade inédita para toda a população do planeta, o ISOLAMENTO SOCIAL. O ter que ficar em casa. E o que é pior, ficar em casa, sem encontrar as pessoas, os amigos, ou visitar os entes queridos. Não ir ao trabalho, foi o “castigo” maior a que tivemos que nos submeter. Ainda que não falamos do cinema, do show do artista preferido, da visita ao parque. Tudo por conta das restrições URGENTES e NECESSÁRIAS, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, para conter o avanço da contaminação entre nós.

Mesmo assim, há pessoas entre nós que ainda não se deu conta do grave momento que estamos vivendo. Estão desafiando um inimigo invisível que está no meio de nós. E todos àqueles que pagaram pra ver a ação deste potente vírus, tiveram suas vidas e a dos seus sendo levadas. Dados do Ministério da Saúde dão conta de que há entre nós 126 mil infectados, e 8.600 óbitos. Apresentando uma taxa de letalidade de 6,8%. Outro dado também triste e assustador, é o de que o Brasil já perdeu mais PROFISSIONAIS DE SAÚDE que Itália e Espanha juntos, vítimas da contaminação em serviço. Segundo estimativa de alguns infectologistas, o Brasil vai atingir o EPICENTRO da pandemia nas próximas semanas. Significa que mais pessoas vão perder as suas vidas.

Para aquelas pessoas que relevam toda esta situação, talvez mude de ideia quando alguém da família ou próxima a elas venha perder a vida. Os NÚMEROS SÃO FRIOS. São apenas dados estatísticos para estas pessoas. Elas ainda não caíram na real de saber que são quase 9 mil pessoas que nos deixaram. E para cada uma destas pessoas que se foi, quantas não estão carregando em si uma DOR profunda no CORAÇÃO, por perderem os seus entes? E quantas destas pessoas não estão preocupadas se elas mesmas não estão infectadas pelo vírus, já que conviveram de perto com os seus.

Meu coração está machucado, dói muito! Dói, da dor de ver tantas mortes. Dói, de saber que muitos estão tristes pelos seus que se foram. Dói, porque não tiveram o atendimento médico necessário para tentar salvar às suas vidas. Dói, de saber que alguns que cuidavam destas vidas, nas unidades de saúde, perderam também às suas vidas. Dói, pela negligencia de alguns que estão na política, fazendo carreira de enriquecimento fácil. Dói, por ver tanta irresponsabilidade e insensibilidade por parte de alguns, que não são capazes, ao menos, de sentir a dor que o outro está sentido. Dói, porque alguns se queixam de que estão deixando de ganhar dinheiro com as suas empresas, fechadas em virtude do isolamento social. Dói, porque a VIDA NÃO IMPORTA e NÃO TEM VALOR. O que importa mesmo é a ECONOMIA de poucos. Dói, porque numa sociedade que se diz CRISTÃ, a VIDA não está em primeiro plano. Dói, porque vale mais os interesses políticos que os interesses de uma grande nação que se chama BRASIL, “abençoada por Deus e bonita por natureza.”