A fé do medo

Sexta feira da Trigésima Segunda Semana do Tempo Comum. Estamos chegando a mais um final de semana, a passos largos para nos encontrarmos com dezembro. Ele está bem ali, nos esperando. Queremos chegar com a esperança que carregamos em nossos corações, como utopia do Reino. Sempre acreditando de que somos capazes e juntos, somos mais fortes.

Esperar esperançando, fazendo e acontecendo. Esperançar teimosamente na resistência subversiva. Como Paulo Freire nos ensinou o caminho: “Esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”. Esperançar com os pés no chão da história, que fazemos aqui e agora.

A força da fé se faz na esperança e não na pedagogia do medo e do castigo. A fé orante e pé no chão do caminho, amadurecida na esperança, nos faz entender que o terror do medo não está presente no projeto messiânico de Jesus. O Deus da esperança, da misericórdia e do amor incondicional, está com Ele e conosco. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rom 8,31)

O clima de hoje é de medo, pelo menos é assim que alguns se sentem diante do texto que a liturgia nos oferece como reflexão. Escatologia mesclada com a apocalíptica. Não para infundir medo, mas para nos alertar quanto a prontidão, a espera vigilante em clima de oração, em sintonia com o Projeto de Deus revelado por Jesus. A complexidade da escatologia ligada ao fim dos tempos, e a apocalíptica com os acontecimentos incertos que hão de vir. O Projeto de Deus não exclui ninguém. Mas cada pessoa é livre e pode aceitar ou recusar tal projeto. Pode escolher a vida ou a morte, salvar-se ou condenar-se.

A intenção de Jesus não é amedrontar e desencorajar os seus seguidores, estabelecendo o temor, a discórdia do desesperançar, como alguns assim interpretam este discurso de Jesus. O medo não faz parte da fé de quem se dá por inteiro.

Estar preparado é a atitude do ser vigilante, dos que seguem na mesma toada com Jesus. Nada de desespero, angústia e desânimo, como o próprio Jesus orienta: “Levantai vossa cabeça e olhai, pois a vossa redenção se aproxima!” (Lc 21,28) Participar das benesses do Reino, depende de cada um e cada uma, de acordo com as opções que vamos assumindo ao longo de nossa caminhada de fé e esperança. Os que serão salvos são aqueles e aquelas que, como Jesus, fazem da própria vida dom total para os outros na gratuidade e na amorosidade. O tempo é de espera, na prontidão e vigilância, sempre!


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.