Festa da Ascensão do Senhor. Jesus, depois de preparar os seus discípulos, os deixa e vai para o PAI, cumprindo assim a ultima etapa da RESSURREIÇÃO. Importante salientar que esta sua partida, deixa um legado, que cabe a cada um de nós, dar continuidade nesta nobre missão, de sermos os continuadores. Cada um de nós que abraçou a fé, tem este COMPROMISSO de ser um com ELE, na construção do REINO. Não estamos sozinhos, mas IRMANADOS na mesma fé e tendo o aval d’ELE, que se faz um conosco. Portanto, não estamos desamparados, mas temos o RESSUSCITADO caminhando conosco nas estradas da vida.
É preciso ter fé. Acreditar com a confiança de que DEUS SE FAZ CONOSCO. E esta fé não pode ser um tipo de amuleto, com o qual eu justifico tudo ao meu redor. Mas a fé vai nos fortalecendo para os EMBATES da vida cotidiana. Ela me faz seguir em frente com a convicção de que estou no CAMINHO CERTO. Muito importante, nestes tempos que ora estamos vivendo, ter a compreensão de uma fé madura, que não nos deixa ALIENAR, nem DESANIMAR. Neste sentido, aparece uma palavra nova que pode nos ajudar a nesta caminhada. Esta palavra chama-se RESILIÊNCIA, que quer dizer a nossa capacidade de se nos ADAPTARMOS ou até mesmo EVOLUIR após momentos de ADVERSIDADE. Ou seja, frente às adversidades que vão surgindo, eu sou capaz de DAR A VOLTA POR CIMA, lidando e superando estas adversidades e transformando as experiências negativas em APRENDIZADO. Devemos pois ser todos e todas RESILEINTES frentes aos DESCALABROS que a vida vai nos apresentando. E olha que são muitos.
A nossa fé precisa ser ATIVA, LIBERTADORA e TRANSFORMADORA dos espaços que vamos criando, construindo. Gosto muito da visão que Tiago nos apresenta sobre a fé. Apesar de ser uma carta bastante curta, apenas seis capítulos, ele nos dá uma demonstração de como devemos viver a nossa fé no dia a dia. Diz ele: “se alguém diz que tem fé, mas não tem obras, que adianta isso? Por acaso a fé poderá salvá-lo? Por exemplo: um irmão ou irmã não têm o que vestir e lhes falta o pão de cada dia. Então alguém de vocês diz para eles: Vão em paz, se aqueçam e comam bastante; no entanto, não lhes dá o necessário para o corpo. Que adianta isso? Assim também é a fé: sem as obras, ela está completamente morta.” (Tg 2, 14-17)
Portando, não basta ter fé. Muitos entre a tem. Mas a fé precisa ser algo que mova o nosso existir de forma que possamos CONSTRUIR o NOVO. Nestes tempos de pandemia, nós precisamos REINVENTAR a nossa fé. Outra realidade nova precisa ser construída urgentemente por nós, com as nossas forças. Não podemos sair desta pandemia com mesma fé que nela entramos. A nossa fé precisa levar-nos a outro patamar. Quem sabe não seja o momento de exercitarmos a PEDAGOGIA DO CUIDADO. Como diz o cancioneiro popular: “Uma coisa eu aprendi, cuidar do outro é cuidar de mim, cuidar de mim é cuidar do outro, cuidar do outro é cuidar de mim.” Bem por aí.
Diante deste contexto, precisamos também movimentar a nossa fé no sentido de termos um cuidado maior com a NOSSA CASA COMUM. Não podemos mais continuar com a nossa AGRESSÃO sistemática ao meio que nos rodeia. Não somos os únicos seres presentes neste planeta, mas somos os que mais o agridem com a nossa ação desenfreada e IRRESPONSÁVEL. Como estamos interligados, estas nossas ações voltam-se contra nós mesmos. Juntos, nós podemos! Juntos, somos fortes! Nesta hora, quero fazer coro ao meu conterrâneo Beto Guedes que numa parte da sua canção O Sal da Terra diz assim: “Vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois. Pra melhor juntar as nossas forças. É só repartir melhor o pão.” Muita fé para nós. Não uma fé morta e sem ação. Uma fé resiliente. Uma fé teimosa, como nos diz Pedro Casaldáliga.