Segunda feira da Décima Semana do Tempo. O mês de junho vai se consolidando, oportunizando a cada um de nós, vivermos o tempo presente. Viver com intensidade, conforme os planos de Deus para nós. A vida nos foi dada por Deus para ser vivida na plenitude. Se assim não está sendo, devemos lutar para superar as contradições contrapondo às forças que atentam contra a vida. Esta é a proposta feita aos seguidores e seguidoras de Jesus. Nada de conformismo, alienação ou indiferença. Cristão é aquele que toma pé da realidade e a vive com intensidade.
Estamos vivendo hoje uma data muito significativa. Nesta segunda-feira, 12, comemoramos o Dia dos Namorados. Em outros países, esta comemoração é feita no dia 14 de fevereiro. No Brasil se aproveita a Festa de Santo Antonio, o santo famoso por interceder por quem busca um amor para a vida toda. O Dia dos Namorados é uma data marcada por referência ao amor, ao afeto e ao carinho entre casais. Dia de celebrar o amor presente em dois corações que se aproximam. Como bem disse Milton Nascimento em uma de suas canções: “Qualquer maneira de amor vale amar. Qualquer maneira de amor vale à pena. Qualquer maneira de amor valerá”.
A liturgia deste dia contribui para tornar este dia de hoje pleno de felicidade. O texto proposto para a nossa reflexão no dia de hoje faz parte do “Sermão da Montanha”. Uma das páginas mais conhecidas de todo o Novo Testamento. Mateus tem o privilégio de dissertar sobre um dos principais ensinamentos de Jesus aos seus discípulos e discípulas. Este sermão ocupa a centralidade do evangelho da comunidade de Mateus. Ele está localizado, em sua totalidade, do capítulo 5,1 até o 7,29. Este ensinamento foi proferido por Jesus no início de seu ministério público, com o objetivo de tornar clara a conduta esperada dos seus seguidores e seguidoras.
As Bem-Aventuranças são ao todo oito ensinamentos. A palavra bem-aventurança quer significar “ventura sublime” ou “estado de felicidade completa”. Nelas se destacam as bênçãos e maravilhosas que foram prometidas a nós se desenvolvermos em nossas ações práticas, as características inclusas em cada uma destas oito propostas. Não se tratam de um “código de leis” em forma de preceitos, normas, regulamentos, que determinam o comportamento correto, mas é Evangelho para ser vivido na sua essência como projeto de vida.
Como afirmou o Papa Francisco: “Eis as bem-aventuranças. Não requerem gestos extraordinários, não são para super-homens, mas para quem vive as provações e as fadigas de todos os dias”. As bem-aventuranças querem ser o anúncio da felicidade completa, porque proclamam a libertação integral, e não o conformismo, a alienação ou a indiferença. Elas são a essência do Projeto do Reino. Elas anunciam a vinda do Reino através da palavra e ação (prédica e prática) de Jesus. Estas trazem para dentro do mundo a justiça do próprio Deus. Justiça para aqueles que são inúteis, invisíveis, descartados ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime e escraviza.
A Palavra de Deus foi escrita para ser vivida. Não somente ser lida e conhecida, mas tem que ser o fermento transformador dentro daqueles que acreditam e tomam a decisão de adesão à Jesus de Nazaré. Palavra que não se anuncia apenas pelas palavras proferidas, mas com a vida. A justiça do Reino vem pela palavra que encarnada torna-se força e instrumento de libertação. Como o texto mesmo diz, os que buscam a justiça do Reino são os “pobres em espírito.” Explorados e diminuídos anseiam pelos valores que a sociedade injusta rejeita. Os pobres estão convictos de que eles têm necessidade de Deus, pois somente com Deus esses valores podem vigorar, surgindo assim uma nova sociedade.
As Bem-Aventuranças são um projeto de vida e de uma nova sociedade. Uma forma revolucionária de se pensar a sociedade. Bem-aventurado significa “é feliz aquele”. Ao fazer uso deste tipo de estrutura literária, Jesus recorre à poesia e a sabedoria hebraica para indicar onde está a verdadeira felicidade. Ele surpreende seus ouvintes no seu ensinamento sobre a felicidade, porque todos os que são bem-aventurados são aquelas pessoas que estão sofrendo de alguma maneira. Aqueles que estão fora desta lógica e deste contexto, são os mesmos que exploram e produzem a desigualdade que maltrata os pequenos, ameaçando a sua felicidade neste mundo. Quiçá possamos pensar e viver com estas palavras ditas por Santo Agostinho: “Ó Deus, vós mandais que eu seja manso; dai-me o que pedis e pedi-me o que quiserdes”.
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.