A força na fraqueza

Chegamos a mais um sábado. Mais um final de semana que se aproxima. Por aqui, estamos todos apreensivos, pois o número de infectados pela covid-19 continua acontecendo entre nós. Apesar deste crescimento, os comitês estão de vento em popa, fazendo as suas campanhas eleitorais de forma irresponsável. Grande parte das pessoas, não estão se protegendo adequadamente, colocando em risco as suas vidas e a das demais pessoas. O importante é a campanha eleitoral. As vidas, pouco importam.

Por falar em vida, no dia de ontem (16) foi celebrado o Dia Mundial da Alimentação. Esta data foi pensada e estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945. O objetivo principal da sua criação foi a oportunidade dada aos governantes sérios e as populações, para que pudessem refletir sobre a importância da alimentação saudável e, principalmente, acessível à todas as pessoas, no sentido de se combater à fome e à desnutrição, sobretudo nas populações mais vulneráveis, especialmente as crianças. Importante salientar que, para alcançar este objetivo, é necessário se promover políticas públicas inclusivas e práticas agrícolas sustentáveis, por meio do apoio à agricultura familiar e do acesso à terra.

No dia de hoje (17), a igreja celebra a festa de Santo Inácio de Antioquia, que viveu entre os anos de 68 a 108 da era cristã. Este famoso bispo foi discípulo seguidor do apostolo João e também teria conhecido pessoalmente a Paulo. Como bispo, foi o sucessor de Pedro na história da Igreja em Antioquia da Síria. Um mártire da Igreja Católica, condenado pela toda poderosa Roma, sendo devorado pelos leões famintos no ano de 108 d.C.

Hoje quero discorrer sobre esta frase dita por São Paulo que sempre me incomodou. “Porque quando estou fraco então sou forte” (2 Cor 12, 10). Demorei um bocado de tempo para assimilar esta frase. E para entender este dito do apóstolo na sua essência, precisamos entrar no universo da vida deste homem bastante enigmático. Pra começo de conversa, sabemos que a vida dele não era perfeita, com ausência de possíveis problemas. Ao contrário, constantemente foi desafiado por injúrias, perseguições, angústias e necessidades as mais variadas possíveis. Sem falar que antes de aderir ao cristianismo, Paulo foi um homem sanguinário, perseguidor implacável dos cristãos, levando muitos deles à morte.

A condição em que este homem vivia, fez com que repensasse a sua própria vida à luz de uma perspectiva maior e mais além. Certamente ele impôs a si um grande desafio de saber valorizar as suas próprias fraquezas e delas tirar a força necessária para a sua transformação. “quando estou fraco então sou forte” entendendo que em todos os seus sofrimentos, o poder do Ressuscitado estava presente consigo. Ao afirmar ser forte na fraqueza era porque a graça de Jesus de Nazaré estava presente e atuante em sua vida. Parece paradoxo, mas ele se contenta em sua limitação, pois apesar da fragilidade humana, o poder de Jesus Ressuscitado estava ativamente presente em sua vida.

Nós também passamos por situações semelhantes a estas que passou o apostolo. Com uma diferença básica: nós confiamos mais nas nossas forças do que propriamente nas forças de Deus que há em nós. Não nos entregamos totalmente nas mãos de Deus como fez este homem, aceitando passar por um professo de transformação profunda. Sua conversão demonstra isso. Ele permite que haja em si uma metanoia, quando literalmente cai do cavalo, e uma grande mudança de mentalidade e de atitudes acontece em sua vida, que o faz aproximar-se de Jesus e ser mergulhado na força que dai decorre. Sente-se confortado ao saber que o poder do Ressuscitado opera de tal maneira em sua vida que ele se torna forte no cenário mais improvável: a fraqueza.

Na fraqueza é que sou forte! Contraditoriamente, é junto dos pobres, que nos vemos mais fortalecidos. Com eles caminhando pelas estradas da vida, vamos percebendo que, com os fracos nos tornamos fortes o bastante para vencer os obstáculos que vão surgindo. Este é o grande desafio a que somos chamados a realizar, principalmente neste contexto tão adverso das nossas vidas. A fortaleza não advém dos grandes, dos poderosos, daqueles que nos dominam. Até a Comadre de Nazaré percebeu isso quando diz: “Derrubou dos tronos os poderosos e elevou os humildes.” (Lc 1, 52) A grande mística da libertação acontece quando me convenço e passo a dizer para mim mesmo: “Eu acredito, que o mundo será melhor. Quando o menor que padece acreditar no menor.”