A Liturgia da Palavra deste Sexto Domingo do Tempo Comum nos revela um traço marcante da misericórdia divina: a acolhida. Deus não apenas se solidariza com o ser humano em suas dores, mas vai ao encontro das diversas realidades dramáticas que marcam a história humana. Ele acolhe cada pessoa como um dom único e insere-a no Banquete do Reino, onde não há espaço para a marginalização e a exclusão.
No tempo de Jesus, a lepra não era a penas uma doença. Ela também impunha um pesado fardo sobre a vida daqueles que sofriam com este mal. Os leprosos eram banidos de todos os círculos sociais e religiosos até serem curados. Desta forma, é possível compreender a grandeza e o significado do gesto de Jesus. (v. 41) A solidariedade do Mestre com o gênero humano em suas fragilidades é impressionante. Ele derruba todo e qualquer preconceito que possa marginalizar ou excluir algum dos filhos de Deus. Marcos descreve o gesto de Jesus como um ato de compaixão. O Filho de Deus é capaz de sentir a angustia do coração atormentado pelo mal. A piedade com a qual ele estende a mão para o leproso revela o querer benevolente do Pai. Jesus é o salvador do mal que veio extinguir toda forma de degradação e opressão para o que o ser humano possa alcançar a vida e a liberdade para a qual fora criado.
O encontro com Jesus realizou uma transformação radical na vida do leproso. Ele passou de marginalizado para anunciador da Boa Nova. (v. 45) Mais do que lhe restituir a saúde, Jesus devolveu a esperança ao coração daquele homem. A esperança é uma das características mais forte do tempo messiânico. Acolher a Boa Nova de Jesus e a ação amorosa de Deus em nosso meio é acreditar num mundo novo. Quem acolhe a mensagem salvífica do Mestre torna-se cooperador da construção de uma sociedade mais justa, solidária e acolhedora. A resignação do leproso diante da vontade de Jesus deve inspirar o nosso agir cristão no mundo. Não podemos compactuar com a lógica excludente que permeia a nossa sociedade. O desejo de Deus é que todas as pessoas sejam congregadas numa mesma e única família, unida pelos laços da fé, do amor e da esperança. A ternura e a compaixão de Jesus devem ser uma constante em nossa vida.