A gratuidade do reino Mt 20, 1-16

Neste final de semana, o Evangelho, Mt 20, 1-16, nos oferece uma belíssima catequese sobre a gratuidade da salvação. O Reino de Deus é um dom oferecido a todos. Ninguém pode se julgar privilegiado pela graça divina. Não somos detentores da salvação. O Reino de Deus possui uma dinâmica própria capaz de ultrapassar todo tipo de barreira humana e transformar qualquer existencial concreto que se abrir para a sua força.

A imagem da videira é utilizada em toda a Sagrada Escritura para se referir ao Povo Eleito do Senhor. Assim como o vinhateiro cuida da videira para que ela cresça, floresça e frutifique, Deus cuida do seu povo para que ele se desenvolva e seja presença positiva na história. No entanto, Jesus revela que a vinha do Senhor não limita ao povo de Israel, mas se espande a todos os povos da face da terra. (v. 15) Somos o mesmo e único Povo Eleito do Senhor. O v. 16 é uma denúncia à inveja de muitos judeus que não aceitavam que outros povos também poderiam ser merecedores do Reino de Deus. O Senhor chama todos os homens e mulheres nas mais diversas situações em que eles se encontram e no tempo em que eles se deixam encontrar. Cada pessoa que aceita o dom de Deus e o acolhe de coração sincero deve ser motivo de alegria para aqueles que já participam da felicidade do Reino.

Na Ação Evangelizadora da Igreja, deparamo-nos com o ser humano nas suas mais diversas situações. Precisamos tomar cuidado para não nos fecharmos numa comunidade eclesial enrijecida por um falso ideal de perfeição, que se julga superior ou privilegiada em relação à outras realidades humanas. Infelizmente, muitos cristãos fazem de sua experiência de fé uma banca de comércio, exigindo de Deus uma série de benefícios como recompensa pela sua adesão à fé cristã. Enga-se profundamente quem pensa que o Reino de Deus se fundamenta numa relação de troca e venda. (v. 16) O agir amoroso de Deus é puramente livre e gratuito. Deus salva os que Ele quer e do modo como Ele quer. (v. 15) O Reino de Deus não é um prêmio, mas um dom. Compreendê-lo de outra forma senão benevolente seria mediocrizá-lo. Participar do Reino de Deus é uma graça, não um privilégio.

 

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