A incrível conclusão de uma história de amor

Caríssimos:

          É a abertura de mais uma Semana Santa. Com este Domingo entramos no coração da vida de Jesus Cristo, no centro da Liturgia da Igreja e da vida cristã. Também no coração da vida de cada um de nós. “Não hei de beber o cálice que o Pai me deu?”

          Celebrar a Páscoa significa realizar uma passagem: entrando na vida de Jesus e percorrendo as pegadas, unindo-nos a Ele, nossas cruzes, nossas esperanças, nossas lutas e a nossa morte podem ser um sinal de amor e um dom agradável ao Pai, para salvar o mundo e a nós mesmos. Estamos, mais uma vez, diante do mistério do mal, do sofrimento e da morte.

          Algum conceito importante, para orientar melhor nossa vida com Deus, especialmente nos momentos de angústia e de desânimo por causa do mal.

          O sofrimento e as perseguições não são um castigo pelas nossas culpas. Pode acontecer que nós fizemos sempre o nosso dever e, no entanto, chegou em cima de nós alguma injusta condenação.

          Não foi Deus Pai que preparou a cruz para Jesus, como não a prepara para quem sofre.

          Jesus recebeu do Pai a incumbência de estabelecer, na terra, uma família de amigos, de gente igualmente importante, de irmãos, todos filhos do mesmo Pai. Um projeto que os altos responsáveis pelo povo poderiam acolher e fazê-lo seu próprio, mas que preferiram rejeitar e obstaculizar de todo jeito. Jesus poderia entrar num acordo com eles, ceder diante de suas propostas e ameaças. Teria poupado a sua vida, mas teria traído a vontade, o projeto do Pai.

          Jesus não cedeu, não fez nenhuma barganha, seguiu com coragem e fielmente o caminho traçado. Jesus apareceu aos seus contemporâneos como um contestador contra as situações injustas. Falou disso publicamente. O povo sofrido gostou do projeto de Jesus, mas os que detinham o poder não aguentaram essas denúncias e o fizeram condenar.

          Se o profeta de Nazaré tinha razão, os graúdos e poderosos deveriam renunciar a seus privilégios, mudar o modo de pensar. Era um ato de “desapropriação”, ou melhor, de “conversão”, que não tiveram a coragem de fazer. Acharam mais fácil acusar Jesus de revolucionário. Eis a explicação da Paixão de Jesus. Foi uma decisão tomada no Sinédrio, que era o tribunal dos Judeus. Sua condenação foi confirmada pelo procurador de Roma.

          Havia uma proposta de amor. Houve uma resposta de ódio.

          Alguma conclusão prática para nós:

– Deus tem um projeto para cada pessoa, que é de chegarmos ao Paraíso, depois de percorrermos as estradas da vida terrena, onde enfrentamos as situações mais variadas, para sermos fiéis ao seu plano até o fim. O Evangelho de Jesus é o plano de Deus, que nós devemos realizar para implantar o Reino de amor, de justiça e de paz.

– Qual a nossa resposta à Igreja, que é Jesus presente hoje entre nós, quando nos convida a praticar a justiça social e nos alerta sobre a função social da propriedade e dos bens? Achamos que é o projeto de Deus ou que é intromissão política da Igreja?

          A história de amor, que Deus quis realizar por meio de Jesus, seu Filho, pode ser atualizada, hoje, por meio de nós, cristãos. À Igreja, Povo de Deus, Jesus disse: “Estarei convosco até o fim dos tempos.” Após dois mil anos, seria, finalmente, o tempo de provar que não é utopia o projeto de Deus que faz da humanidade uma grande família.

          Venha a nós o vosso Reino, Senhor.