A justiça e o amor

Quinta feira da décima semana do tempo Comum. Já vivemos o tempo mais importante da experiência cristã, que é o período pascal, quando o Crucificado Ressuscitou; Pentecostes, que é a vinda do Espírito da Verdade, o Pai dos pobres, veio até nós; e a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) se fazendo comunidade perfeita entre nós.

Agora, vida que segue. Enfrentando os desafios que nos são postos na realidade da vida cotidiana. Não estamos sós nesta empreitada de uma longa caminhada. O Senhor é conosco sempre. Ele caminha conosco e vai nos apontando os rumos por onde devemos trilhar na nossa caminhada de fé. Juntos aos demais irmãos e irmãs somos mensageiros da justiça e da paz.

Hoje acordei mais disposto e rezando com a minha amiga Rosi Lima, que já, nas primeiras horas do dia, estava se internando numa das unidades hospitalares de Goiânia, para a extração de um tumor. Fiz sintonia com esta amiga de longa data, na confiança de que Deus está presente e atuando pelas mãos dos nossos guerreiros médicos. Não tenho dúvidas de que já deu tudo certo e logo logo, abraçarei a Rosi.

Continuei rezando o texto da liturgia de hoje. Estamos refletindo o capítulo 5 de Mateus. Nele está contido uma das narrativas mais conhecidas de todos nós: o sermão da montanha (as bem aventuranças). Um projeto de vida cristã, para quem quiser fazer da sua vida o seguimento fiel de Jesus de Nazaré.

No texto de hoje, Jesus é claro e objetivo. Vai direto ao ponto: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos céus”. (Mt 5, 20) Mais direto, impossível.

É preciso ter muito claro para nós quando Jesus nos adverte acerca do cumprimento da justiça. Não se trata tão e simplesmente cumprir a justiça propriamente como aparece na Lei. A justiça vem acompanhada dos princípios do amor. Amor integral e sem subterfúgios. Ela precisa ser regada com o amor, a ante sala para sua vivência no dia a dia.

Numa sociedade marcada por tantas contradições, onde impera a violência, o ódio, o preconceito, a marginalização e todas as formas de injustiça, este desafio proposto por Jesus, se faz urgente e necessário. Quem ama verdadeiramente, pratica a justiça e se contrapõe a este tipo de sociedade que estamos vivendo.

Esta situação me faz lembrar de um dos provérbios orientais: “Não se pode evitar que um passarinho acente em nossa cabeça, mas podemos evitar que faça um ninho”. Não podemos evitar que o ódio chegue até nós, mas podemos e devemos evitar que crie raízes e expanda às outras pessoas. Podemos até sentir o ódio, mas jamais consentir que ele seja o paradigma de nossas ações. Assim, quem se deixa pelo espírito do Nazareno, jamais poderá promover ou compactuar com qualquer tipo de violência: “arminhas”, torturas, pena de morte, o genocídio criminoso desta pandemia, pois o nosso Deus é o Deus promotor da vida em toda a sua integralidade e dimensões. “Não matarás!” (MT 5,21).Sem nós esquecer que Ele, foi perseguido, torturado e morto entre dois poderes, com a anuência das autoridades político religiosas e o apoio das pessoas de bem

Somos seres da amorosidade. Quem segue a Jesus de Nazaré o faz movido por esta amorosidade. O contrário disso, era exatamente aquilo que Jesus hoje está nos alertando quanto aos escribas e doutores da lei. Nestas horas, ficamos com a frase de um dos nossos maiores cientistas: “Um gesto de amor é maior que o Universo físico inteiro”. (Albert Einstein)