A luz brilhou nas trevas

 

Estamos hoje vivendo a última terça-feira do ano (29). Daqui a pouco entraremos no novo ano. As incertezas permanecem. Todos à espera da vacina, mesmo que alguns dentre nós, numa atitude negacionista, estão afrontando a comunidade cientifica. Vacinas salvam vidas! O que seriam das nossas crianças, se não tivessem tomado a vacina da Poliomielite. Talvez uma parte delas, estivesse hoje sobre uma cadeira de rodas, com a paralisia infantil, que é uma doença infecciosa viral aguda transmitida de pessoa a pessoa.

No novo ano, somos desafiados a uma nova perspectiva de vida. Um novo olhar para o horizonte próximo que se descortina. É preciso encher-se de esperança e viver um dia de cada vez. A morte nos espreita, mas a vida é o dom maior que nos foi dado por Deus. Neste cenário, talvez devêssemos viver na mesma perspectiva do que nos disse o filósofo Santo Agostinho: “Viver sempre preparado para morrer, mas viver como se nunca fôssemos morrer”.

A Esperança se renova com mais um ano pela frente. Para isso, devemos encher-nos de luz. Não de qualquer luz, mas da LUZ d’ELE: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”. (Jo 8, 12) Ou seja, é Jesus mesmo que se declara como a luz do mundo, e convida a todas as pessoas a segui-lo. Preenchidos com esta luz de Jesus de Nazaré, a nossa luz pessoal também brilhará e fará de cada um de nós, luzeiros para as demais pessoas. O contrario disso, é o que João nos diz na sua primeira carta na liturgia de hoje: “O que odeia o seu irmão está nas trevas, caminha nas trevas, e não sabe aonde vai, porque as trevas ofuscaram os seus olhos”. (1Jo 2,11)

O ano de 2021 será um ano importante para toda a humanidade. Ano em que grande parte dela, terá a oportunidade de ser, felizmente, vacinada. Estima-se que 6 milhões de pessoas já foram vacinadas no mundo. A comunidade cientifica, deu um salto gigantesco, possibilitando-nos uma vacina que, em condições normais, demoraria de 10 a 15 anos para ser consolidada. Mesmo assim, os negacionistas de plantão, seguem com a sua “guerra da vacina”. Em tom de brincadeira, alguém assim se manifestou nas redes digitais: “Os médicos já convenceram 70% da população acerca da obrigatoriedade da vacina. Restam os veterinários convencerem os outros 30%. Cômico se fosse trágico.

2021 é também o ano do centenário do pernambucano mais famoso do mundo. Paulo Freire que nasceu em 19 de setembro de 1921, completaria 100 anos, em 2021. Um dos mais importantes educadores do século XX. Ele influenciou gerações como a minha e também nestas duas primeiras décadas do século XXI. Seus escritos trouxeram-nos um método e uma filosofia da educação que ganharam o mundo. Num de seus livros, que para mim se transformou num livro de cabeceira, está escrito: “Para alcançar a meta da humanização, que não se consegue sem o desaparecimento da opressão desumanizante, é imprescindível a superação das situações limites em que os homens se acham quase coisificados” (Pedagogia do Oprimido, 1987, p. 54)

Aproveitando do centenário de Paulo Freire, quiçá nos revistamos de amorosidade. Esta era uma das palavras mais ditas por este grande pedagogo. “Educar, é antes de tudo, um ato de amor”, dizia ele. É deste mesmo ato de amor que precisamos levar para dentro do ano que se inicia. É deste mesmo amor que precisamos fazer uso nas nossas relações cotidianas. Mesmo que alguns dentre nós, não se encaixem dentre deste perfil proposto. Para estes, façamos uso daquela expressão popular que assim diz: “Os cães ladram e a caravana passa”. Ou seja, não se importe com o que os “outros” dizem, vá em frente.

Que neste ano novo, possamos dar todos os abraços que não pudemos dar durante esta pandemia. Confesso que a falta deles, foi o que mais senti neste período. Tudo que mais quero é cair dentro do abraço amigo. Ano também que devemos agradecer muito a Deus por não termos sido a bola da vez na infecção, padecendo nos leitos dos hospitais. Perdi vários amigos assim. Pessoas que eu amava, foram para junto de Deus. Hora também de nos lembrarmos das muitas famílias, que não tiveram a mesma sorte e perderam seus entes queridos. Em especial, lembro-me daquela mãe que, não podendo despedir-se de suas três filhas, gravou um vídeo e pediu que a enfermeira levasse até elas e as dissessem, que ela amava muito cada uma delas.