A luz da esperança

Quarto Domingo do Advento. Enfim, chegou o tão esperado Natal do Senhor. A luz da esperança que vem até nós por intermédio de uma criança. O Menino-Deus sendo Ele mesmo a novidade de Deus. A luz dissipando as trevas, inaugurando uma nova história. A promessa de Deus se cumprindo, brilhando de esperança e renovando todas as coisas.

“Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” (Lc 1,28) O anjo, comunicando a Maria, a novidade de Deus em sua vida e nossa. Uma simples, humilde e pobre mulher, da periferia, entrando pela porta da frente, no plano libertador de Deus. Foi necessário que ela oferecesse o seu ventre para que fosse gestado o Salvador da humanidade. Nazaré da Galileia, sai do anonimato e se torna o centro do mundo.

“Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus”. (Lc 1,30) A coragem vence o medo, quando a luz da esperança brota do coração. O não temor vem com a certeza de que Ele está no meio de nós. Já não há motivos para a tristeza, pois o Menino-Deus já se faz presente no meio de nós. Nada e nem ninguém vai nos separar da festa da vida da família de Deus.

O Natal começou no coração de Deus. Só está completo quando alcançar o coração de cada uma das pessoas que se abrem a esta perspectiva. O mistério da vida que vem de uma criança, se torna encarnação no coração da humanidade. O amor divino humanizando todos os seres, divinizando a nossa existência real. No Natal, aceitamos o desafio proposto por Santa Teresa de Calcutá: “ser capazes de acolher Jesus no Natal, não na fria manjedoura do nosso coração, mas em um coração cheio de amor e humildade, tão puro, imaculado e caloroso com o amor uns pelos outros”.

Jesus-Menino é o Filho de Deus. Entretanto, para se chegar ao conhecimento verdadeiro d’Ele, é necessário superar a compreensão que temos de Jesus do senso comum. Um Jesus que foi apropriado pelo devocionismo tradicionalista, afastando-o da realidade encarnada do submundo dos pobres e marginalizados. O Jesus do sacrário dourado, sendo adorado e nada comprometido com as mudanças estruturais da realidade social.

Fujamos também do Jesus do capitalismo. Aquele que é usado para movimentar o mercado de consumo e que alguns padres e bispos andam de mãos dadas com ele. Um Jesus desencarnado e que pouco incomoda, contrariando completamente o seu Projeto do Reino, em que os destinatários primeiros são o “resto de Israel”.

O Menino-Jesus, gestado num casebre pobre, que nasceu no meio dos animais é o Jesus Cristológico. Aquele que caminha conosco nas nossas encruzilhadas existenciais e geográficas. O Deus-Conosco. O Emanuel. O Messias, Verbo de Deus. Sobre Ele, diz o teólogo espanhol José Antônio Pagola: “Estou convencido de que Jesus é o melhor que temos na Igreja e o melhor que podemos oferecer hoje à sociedade moderna. O horizonte da história se empobreceria se Jesus caísse no esquecimento. […]” Façamos como Maria e que se cumpra em nós a sua Palavra.

 


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.