CRÍTICA DOS EVANGÉLICOS: sabemos que Maria santíssima foi escolhida para ser a mãe de Jesus (Mt 1 – 2; Lc 1 – 2). Não teria porque chamá-la “Mãe de Deus”. Nunca os escritores do Novo Testamento se referiram a ela como mãe de Deus.
RESPOSTA CATÓLICA
Soa estranha a invocação de Maria como Mãe de Deus, quando não entendemos o seu lugar no mistério da salvação. Tudo se torna compreensível quando passamos a entender o significado da expressão Mãe de Deus. Não se trata de dizer que ela é mãe de Deus Pai, mas sim reconhecer que ela é mãe de Jesus, portador da natureza divina.
Os primeiros cristãos desde cedo entenderam que Jesus não era apenas de natureza humana, mas também divina. Várias passagens afirmam sua divindade. “No princípio o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1,1). Na aparição do ressuscitado Tomé expressou sua fé na divindade de Jesus: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). Também São Paulo afirmou a divindade do Senhor: “Mesmo sendo Deus não usou do seu direito de ser tratado como Deus” (Fl 2,6).
Embora nenhum passagem bíblica se refere a Maria como Mãe de Deus, muitos textos se referem a Jesus como Deus. E uma vez que Maria é mãe de Jesus, portador da natureza divina, podemos chamá-la de Mãe de Deus. Portanto, indiretamente o Novo Testamento a sugere como Mãe de Deus.
Para sanar dúvidas, através do Concílio de Éfeso (431), a Igreja proclamou como verdade de fé que Maria é “Mãe de Deus”. Essa doutrina já aceita precisou ser reafirmada, diante da polêmica levantada por um religioso chamado Nestório. Este defendia que Maria assumia o papel de mãe apenas da natureza humana de Cristo e não de sua natureza divina. (ALBERIGO, G. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulo: Paulus, p.73-80, 1995).
Segundo Nestório, a Virgem Maria, dando a carne humana a Jesus poderia ser “portadora de Cristo”, mas não portadora de Deus. Sua linguagem indicava que havia duas pessoas separadas, reunidas em Jesus Cristo. E assim usava o termo “Cristotokos”, do grego, cujo significo é portadora de Cristo ou mãe de Cristo.
A Igreja preferiu a terminologia já usada, com o título “Teotokos”, do grego, cujo significado é portadora de Deus ou Mãe de Deus. Assim a Igreja enfatizava que Jesus é uma pessoa de duas naturezas que estão unidas. Reconhecia-se nessa afirmação que na encarnação produziu-se a união das duas naturezas, sem confusão, e que por força dessa união Maria pode ser chamada de “Mãe de Deus”.
O título “Mãe de Deus” não indica que Maria de alguma forma sempre existiu, ou que criou Deus, mas que Maria deu à luz Jesus, que é totalmente Deus e totalmente humano. A preocupação do Concílio de Nicéia (431) era salvaguardar a união perfeita e inseparável da natureza divina e humana em Jesus Cristo. E com essa convicção, os católicos reconhecem Maria como Mãe de Deus e assim a invocam na oração da Ave-Maria: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores. Agora e na hora da nossa morte. Amem!”
Padre Gilson José Dembinski, é graduado em Teologia, Filosofia. Especialista em Psicologia Pastoral, Teologia Bíblica e Ensino Religioso, Orientação Espiritual, Parapsicologia Clínica e Hipnoterapia. Formação profissionalizante: Introdução à mágica.