Queridos irmãos e irmãs, este tempo de pandemia nos obriga a parar em muitas atividades. Isso nos ajuda a refletir. No tempo ordinário, percebemos que a nossa vida está cheia de ocupações e preocupações que, às vezes, impedem de refletir e rezar. E achamos tudo isso normal.
Agora o normal se tornou anormal e não sabemos mais o que está certo. Embora, percebamos que os nossos comportamentos nem sempre eram acertados, agora todos queremos voltar a tudo que fazíamos antes e nas modalidades antigas.
Nesse sentido, agora estou refletindo sobre um comportamento que se está criando entre nós: o uso das redes sociais.
A prudência e a obediência nos levaram a fechar as igrejas. Depois pudemos reabri-las, mas com 30% de participantes; nesse momento, em alguns municípios, foi preciso fechar novamente e não conhecemos o futuro. Contudo, esta situação nos tornou criativos e abertos ao uso das redes sociais. Isso foi e continua sendo um ótimo meio para continuarmos unidos, embora, virtualmente.
Agora estou percebendo (espero estar errado!) O que fazer? que estamos nos acostumando a ficar em casa e “assistir” de longe. Isso aí, falei “assistir”. Porque desde o Concílio Vaticano II, fomos educados a “participar”. Dias atrás perguntei a um jovem, de frequência costumeira nas missas: “– Há tempo que não vejo você na Igreja”. “Dom – ele respondeu – eu assisto no facebook”.
No período em que podíamos receber o famoso 30%, em nenhuma paróquia preenchemos as vagas permitidas. Durante o fechamento, ouvi muitas reclamações por não poderem participar da Eucaristia. Foram oferecidas Missas a mais, em horários diferentes. Mas, não serviu. Não acham estranha esta atitude?
Outro sentimento que estou percebendo no nosso povo é o medo de ser infectado. Está certo! Por isso, devemos tomar todas as precauções que conhecemos bem, mas que nem sempre usamos. Entretanto, observando bem, este medo parece que existe só para a Igreja.
Os idosos, em Coxim, ganharam do MP o direito de entrar nos mercados. Em todos os lugares eu vejo pessoas de qualquer idade. Será que o vírus entra só na Igreja? Estranho!
Este medo parece que existe também nos jovens. Um pároco queria reunir os acólitos (estes têm mais de 12 anos), mas não conseguiu. Motivo: medo do coronavírus. Estou curioso de saber se estes meninos ficam em casa 24 horas por dia!
Outra situação: tem muitos casais com filhos pequenos que não estão participando. Por um lado, eles têm razão. Porém, Jesus nos ensinou a ir além da letra da lei (além não significa contra). Seria grave se as crianças com menos de 12 anos, sozinhas, fossem à Igreja, mas junto com os pais, onde está o perigo?
O que fazer?
Prudência e obediência continuam sempre válidas. É só lembrar o que faz parte da doutrina oficial da Igreja. A “assistência às missas” pelas redes sociais é válida só para idosos e doentes.
Vencer o medo. Eu agradeço todos os padres pelo zelo que estão mostrando no amor à vida e o cuidado com a saúde.
Valorizar a Palavra de Deus. Em várias ocasiões, estou convidando a ler todo o Novo Testamento, de maneira continuada. Aqui as redes sociais podem ajudar, porque nelas encontramos vários programas (até demais, por isso precisa saber escolher).
Queridos, as atividades podem diminuir ou mudar, mas o nosso caminho de fé não pode parar. Então, com alegria e entusiasmo, continuemos no seguimento de Jesus Cristo, aceitando com Ele a cruz, para participar da Sua vitória, bonita caminhada que Ele nos permitiu fazer. Continuemos sempre abertos ao novo que Deus nos mostra.
† Dom Antonino Migliore
Bispo de Coxim – MS