Reflexão litúrgica: terça-feira, 24/10/23,
29ª Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta terça-feira, 29ª Semana do Tempo Comum, na 1a Leitura (Rm 5,12.15b.17-19.20b-21), o Apóstolo Paulo contrapõe dois tempos: no primeiro, o homem que não quebrou sua solidariedade com Adão está sujeito à morte espiritual, da qual a física é sinal. No segundo, instaura-se um paralelismo entre Adão e Cristo. Adão, com seu pecado ou desobediência, introduziu no mundo a potência do mal, o pecado, acarretando-nos um juízo de condenação e tornando-nos, por nossa solidariedade com ele, pecadores. E Cristo, com um ato de justiça e de obediência, introduziu no mundo a graça e a vida, tornando justos os que têm fé.
Neste texto, Paulo não está interessado nas semelhanças entre Cristo e Adão. Ele os contrapõe apenas para mostrar a supremacia de Cristo e do reino da graça sobre Adão e sobre o reino do pecado, pois o dom de Deus supera de longe o pecado dos homens.
No Evangelho (Lc 12,35-38), Jesus nos ensina como deve ser o procedimento do cristão diante dos bens deste mundo, pois o uso correto dos bens nos ajuda a estar prontos para o encontro definitivo com o Senhor. Este Evangelho trata da vigilância escatológica, isto é, de como será o nosso fim. Essa vigilância consiste na fidelidade no serviço confiado a cada um. Jesus alerta que os servos devem estar prontos para a volta do seu Senhor, pois essa volta será o juízo tanto sobre os que estiverem atentos quanto sobre os despreocupados que estão aproveitando o momento sem compromisso algum com a transformação das realidades temporais. O que é importante é a prontidão, construir o céu pelo mandato que o Senhor nos confere de administrador, pois, no entardecer da existência, não será Deus a nos julgar e sim nossos atos enquanto peregrinos neste mundo. Deus está sempre chegando, não somente na hora de nossa morte.
Jesus nos diz que não somos absolutos e que nossa vida é passageira. Então, se o valor é a vida eterna, a questão é: No que estamos investindo? Nós gastamos em quê, com quê e para quê? Nossas ações revelam os valores em que acreditamos e quanto fiéis somos. “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Nossa responsabilidade é maior porque tivemos a oportunidade de conhecer a vontade do Senhor, não podemos ficar indiferentes aos sofrimentos de tantos irmãos e irmãs que clamam por justiça e mais dignidade. “A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido”.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.