É fato conhecido que os recursos à nossa disposição são mais do que suficientes para alimentar a humanidade. O que falta é a distribuição eqüitativa dos bens. E isso não acontece porque falta a vivência da fraternidade.
A Eucaristia é preparada por Jesus com as multiplicações do pão e dos peixes, transmitindo aos discípulos o dever de dar pão a quem tem fome. “Tive fome e me destes de comer” (Mt 25, 40) e a palavra diante de multidão: “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Lc. 9,13). É, pois, um dever básico da fraternidade que se estende a todos se distinção. A Eucaristia é justamente a ação de Jesus Cristo alimentando-nos com seu corpo e sangue, ensinando-nos a partilha e a responsabilidade de saciar os famintos.
Assim, desde o início, os cristãos uniram a celebração da Eucaristia com a caridade fraterna que se expressa na partilha dos bens com os irmãos. A lição da Eucaristia vale para nós, cristãos, que ainda não aprendemos a assumir o dever da caridade e por isso somos co-responsáveis pela fome e miséria de nossos irmãos e irmãs. Cada celebração da Eucaristia deveria nos questionar diante de Deus e levar-nos a partir o pão com os irmãos.
Compreendemos melhor esta exigência da Eucaristia à luz da encíclica do Papa Bento XVI: “Deus é Amor”. Temos, sem dúvida que fazer com convicção e generosidade, os gestos de amor e partilha, atendendo aqueles que vêm às nossas portas e que precisam do necessário.
No entanto, a força da Eucaristia deve nos impulsionar para atitudes mais abrangentes e procurar transformar a sociedade por meio de leis e políticas públicas que modifiquem o sistema de acumulação doentia de bens aumentando a riqueza de poucos e segregando cada vez mais os pobres. A Eucaristia deve unir a comunidade a serviço dos mais pobres e habilitar os cristãos a contribuir para leis e medidas que garantam vida digna para todos: trabalho, salário justo e moradia.