A Vacina da discórdia

Iniciamos mais um sábado (09) deste novo ano. Ano novo! vida velha! Pelo menos é assim que alguns dentre nós se comportam frente aos desafios que se nos interpõe para o enfrentamento da pandemia. A grande discussão do momento é sobre a vacinação da população. Enquanto os países mais sérios seguem vacinando à sua população, no Brasil há toda uma celeuma na agilização deste processo. Não fossem os governadores dos estados, estaríamos todos “fritos”, pois o mandatário maior da nação segue apostando na sua política do “quanto pior, melhor”.

A vacina não é uma novidade em nossas vidas. Ela está presente desde o momento em que nascemos. Os pais vacinam seus filhos de acordo com o cronograma. Um atraso significativo na vacinação coloca a vida da criança em risco de terem doenças graves que poderiam ter sido evitadas. Uma série de doenças são devidamente evitadas, com uma simples dose da vacina: Vacina contra a hepatite B; Vacina contra o rotavírus; Vacina contra o Haemophilus influenzae; Vacina contra o poliovírus; Vacina contra difteria, tétano e coqueluche acelular; Vacina pneumocócica. Para ficar em apenas algumas destas vacinas que fazem parte do nosso calendário vacinal.

Diante de uma crise sanitária de proporções catastróficas imprevisíveis, há uma verdadeira “guerra contra a vacina”. A insensatez e a insanidade, chega a dimensões inesperadas de pessoas que se recusam irresponsavelmente a tomar a atual vacina, como se tais pessoas não tivessem, desde a sua infância, tomado as vacinas necessárias. Uma incoerência que assusta e amedronta. A vacina é bem vinda e salvará vidas, se não quisermos aumentar ainda mais o número de mortes entre nós.

Esta não será apenas uma epidemia que nos pegou de surpresa. Segundo os epidemiologistas e infectologistas, muitas outras virão, principalmente porque degradamos o espaço em que vivemos e que chamamos de meio ambiente. Esta expressão precisa ser repensada, uma vez que a própria definição não ajuda muito. Por meio ambiente definimos o conjunto de fatores físicos, químicos e biológicos que permite a vida em suas mais diversas formas. Tal definição coloca apenas o ser humano como o centro deste meio, pois afirmamos que toadas as pessoas têm o direito a um meio ambiente equilibrado. Com esta mentalidade, excluímos os demais seres que compõem este meio e são tão ou mais importantes que os seres humanos.

Os indígenas sabem muito bem o que vem a ser este tal de “meio ambiente”. Aliás, eles nem falam desta forma. Eles não colocam este “meio” fora de si. Ao contrário, segundo os povos originários, todos eles fazem parte deste conjunto que está dentro deles mesmos. São um, com os demais seres que compõem o que eles chamam de a Mãe Terra. Segundo eles, esta pandemia veio porque os não indígenas lidam com a natureza em atitude de morte, querendo destruir tudo. E quando destruímos a natureza, as pessoas também serão destruídas. Eles têm isto muito claro na sua forma de lidar com a sua eterna fonte de sobrevivência.

Vacinas salvam vidas e são criadas para proteger as pessoas das doenças. Para que uma vacina seja eficaz, necessário que se faça muitos anos de estudos. Uma vacina, em condições normais de uso e eficácia, demora de 10 a 15 anos de dedicação, estudos e experimentos. Estas que nos chagam agora, surgiram em tempo recorde, graças ao empenho da comunidade científica internacional, que dedicou várias noites de estudos para se chegar aonde chegamos. Negar-se a tomar a vacina é negar-se a viver em comunhão, em sociedade. Negar a tomar a vacina é negar a própria ciência que surgiu para estar a serviço da humanidade.

Nunca devemos nos esquecer que a Ciência Moderna procura articular o método de observação e experimentação para o avanço dos estudos, visando o “Bem Viver” em sociedade. Aqueles homens e mulheres que se dedicam aos estudos científicos trazem com eles o conhecimento deixado pelos filósofos antigos, o que contribui como método científico para o tratamento das doenças, especialmente o conhecimento deixado por Hipócrates. Não valorizar o conhecimento científico é também não valorizar o esforço que cada um deles e delas no sentido de encontrar um destino feliz para toda a humanidade. Vacinar é sinônimo de cuidar, proteger e amar. Cuidar de mim e cuidar do outro. Proteger a mim e o outro. Amar a mim e o outro. O contrário disto é usar a vacina como elemento de discórdia.