A verdade vencerá, pois, o Espírito Santo nos guiará para toda a verdade

Na Liturgia desta quarta-feira da VI Semana do Tempo Pascal, vemos, na 1a Leitura (At 17, 15.22-18,1), que o apóstolo Paulo é modelo de evangelizador, se faz “Judeu com os judeus e Grego com os gregos”, passa da sinagoga à praça pública. O ponto de partida de sua pregação é sempre a realidade temporal, de situações pontuais “Ao Deus desconhecido”, mas o ponto de chegada é o anúncio da salvação em Cristo ressuscitado e o consequente convite à conversão.
Este texto nos apresenta um grave desafio de ontem e de hoje: Como evangelizar uma cultura que tem discurso intelectual tão elaborado e refinado como a civilização grega? Paulo faz um esforço de adaptação à mentalidade dos ouvintes, demonstra simpatia, é interessado e está a par do pensamento religioso deles, cita seus autores e poetas, enfim Paulo apresenta uma tentativa de inculturação da mensagem cristã sempre no esforço de levar os ouvintes ao Deus vivo e verdadeiro. Apesar da brilhante pregação, o êxito não parece brilhante, só alguns se convertem.
Decepcionado em Atenas, Paulo vai na próxima cidade, Corinto, lá ele muda o método, compreende que o êxito na evangelização não está na eloquência de suas palavras, mas no testemunho de vida e na confiança que é a graça e a sabedoria divina que tocam os corações:
“Eu me apresentei em vosso meio num estado de fraqueza, de desassossego e de temor. A minha palavra e a minha pregação longe estavam da eloquência persuasiva da sabedoria; eram, antes, uma demonstração do Espírito e do poder divino, para que vossa fé não se baseasse na sabedoria dos homens, mas no poder que vem de Deus” (1Cor 1,3-5).
No Evangelho (Jo 16,12-15), vemos que a ação reveladora do Espírito Santo continuará a obra de Jesus. O Espírito Paráclito será, pois, seu substituto, quando Jesus retornar ao Pai. Exercerá uma dupla ação: guiar para toda a verdade; fazer compreender o que o próprio Jesus havia dito. Assim, a ação do Espírito é dirigida quer ao futuro, quer ao passado, para continuar e compreender a revelação e a salvação em Jesus.
A assistência do Espírito é orientação para a plenitude da verdade e é também estímulo para uma compreensão sempre nova e criativa, para uma fidelidade de leitura e interpretação que evite toda aventurosa acomodação humana.
A presença do Espírito Santo na vida da Igreja não acontece apenas para consolação e conforto espiritual. É por meio dele que a comunidade terá o entendimento a respeito do mundo e das realidades de pecado e morte que existem nele. E o mais importante: a comunidade assumirá como sua tarefa a denúncia dessas situações, indo até as raízes delas para desmascará-las.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.