A vigília da esperança

Sábado da Sétima Semana do Tempo Pascal. Vivemos um dia de Vigília, a espera do que vai acontecer no dia de amanhã no nosso Período Litúrgico. Vigília da Esperança. O grande dia aponta na esquina de nosso pensamento, reavivando a esperança e trazendo-nos toda a força necessária para darmos continuidade ao Projeto de Jesus, testemunhando com a vida a chegada do Reino. Reino de paz, justiça, igualdade, fraternidade, solidariedade, na construção de outro mundo possível. Anunciaremos teu Reino Senhor! Teu Reino, Senhor! Teu Reino!

O chamado à vida está na origem de nosso ser. Deus nos cria e nos chama para viver uma vida plena de realizações. Nossa primeira vocação é o chamado à vida. Gestados no útero materno de nossas mães, Deus, com o seu sopro divino, fez o amor ser a essência de nosso ser neste mundo. Neste mundo que também chamamos de Terra, como lugar de nossas conquistas e realizações. A Ciência estima que existam pelo menos trinta milhões de espécies de vida no planeta, e nós, seres humanos, somos uma entre estas. Uma destas espécies sou eu, é você, somos nós. Nem mais, nem menos importante que as demais.

Somos chamados a viver na plenitude maior que podemos dar de nós mesmos. Há pessoas que ainda não entenderam a sua importância neste grande Universo da Criação de Deus. Tais pessoas passam pela vida dando o mínimo de si e, o que é pior, contenta-se em assim ser. Somos chamados a desabrochar todos os carismas e potencialidades que recebemos de Deus no ato da criação. Não se contentar com o mínimo necessário que podemos dar de os mesmos, é o grande passo rumo aos nossos horizontes, comparando com o melhor que podemos ser a cada passo dado, a cada dia conquistado.

O mês de maio vai aos poucos se despedindo de nós. Ainda a tempo de comemorarmos um grande dia de nossas vidas. 27 de maio celebramos o Dia Nacional da Mata Atlântica, cujo objetivo maior é despertar e sensibilizar as pessoas para a importância desse Bioma para a biodiversidade e, sobretudo, para a qualidade de vida das pessoas que vivem nestas regiões. A criação desta data foi instituída pelo do Decreto Presidencial de 21 de setembro de 1999, em memória da “Carta de São Vicente”, escrita em 1560, pelo então Padre José de Anchieta.

Lembrando que o Brasil é formado por seis biomas de características completamente distintas umas das outras: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Cada um desses biomas abriga diferentes tipos de vegetação, de flora e de fauna. A Mata Atlântica, por exemplo, abriga mais de 20 mil espécies de plantas e animais, muitas delas endêmicas, ou seja, encontradas apenas nesse bioma. Apesar de ocupar cerca de 15% do território brasileiro, como um dos mais ricos em diversidade biológica do mundo, apenas 12,4% de sua cobertura original está preservada. De lembrar que, em meados do século XVI, ela era composta por uma área florestal de mais de 1.100.000 km², em perfeito equilíbrio.

Não sou um conhecedor mais de perto da Mata Atlântica. Apenas de estudos à distância. Minha relação maior é com a região Amazônica, por mais de três décadas. Mas nem por isso devemos nos esquecer de lutar pela Mata Atlântica e sua preservação. Posicionar com coerência é a atitude do cristão consciente sem indiferença. Como Jesus mesmo nos mostra o caminho daqueles e daquelas que querem segui-lo nas paradas. É o que o texto da liturgia de hoje tenta nos passar. Estamos refletindo o final do Evangelho de João com as conclusões que ele nos apresenta acerca da missão dos seguidores e seguidoras de Jesus.

Se Jesus é Aquele que foi capaz de dar a sua vida por inteiro, o seguidor seu, tem que ser aquele e aquela que se coloca a serviço das mesmas causas d’Ele, sendo capaz de amar até o fim, dando a própria vida. Tudo isto feito à luz do testemunho fiel de quem quer seguir os passos de Jesus na experiência profunda do amor. Jesus conhece e sabe das limitações daqueles que o seguem. É por este motivo que Ele cuida de enviar o Espírito Santo, como fortaleza maior na execução desta difícil missão. Santo Agostinho expressou a dificuldade desta tarefa numa frase: Jesus, é muito difícil Te seguir, mas, é impossível Te deixar! Que assim possa ser o nosso engajamento de fé no seguimento de Jesus de Nazaré.


Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.