Sexta feira da Décima Terceira Semana do Tempo Comum. Vamos caminhando passo a passo rumo aos nossos sonhos que queremos transformar em realidade. Um dia de cada vez, acreditando sempre no esperançar que construímos juntos. O nosso imaginário está na utopia do Reino. Cada passo dado deve ser visto nesta perspectiva de, com as nossas ações, construí-lo no aqui e agora da história. Sonhar o sonho impossível, com os pés fincados no chão da realidade que queremos nossa. Como nos diria nosso bispo Pedro: “A Utopia é possível se nós optamos por ela, vencendo o passado escravo, forjando o futuro presente, forçando o novo amanhã”.
Viver mirando o horizonte à frente é o desafio de quem se coloca como partícipe da paz, do amor e das mãos regaçadas para a construção de uma vida igual, distributiva e fraterna. Onde todos tenham vez e voz, e não apenas como meros assistentes passivos acomodados. Vivemos uma história recheada de contradições e subterfúgios. História que nos surpreende como o novo comercial da montadora Volkswagen no Brasil, unindo Elis Regina e Maria Rita, para a propagação de seus veículos, setenta anos de sua estada entre nós. Conhecendo Elis como a conhecemos, combativa que era, seria a primeira pessoa a não concordar com esta aberração propagandística. Que me perdoe a Maria Rita, que muito admiro, vendo nela a mãe que nos encantou, foi um tremendo ato falho.
Estamos numa sexta feira a caminho do primeiro final de semana. No dia de hoje, aqui no Brasil, celebramos o “Dia do Voluntário Social”. Voluntário social é toda aquela pessoa que sai de si mesma e dá um pouco da sua vida para a organização e o desenvolvimento de atividades em benefício da sociedade como um todo. É este personagem que contribui para os projetos de ação social, com vistas a uma maior sensibilização de toda a sociedade, para algumas causas que interessam a todas as pessoas. Se você ainda não despertou para esta ideia, ainda há tempo para também ser este voluntário social, na busca por outro mundo possível, onde a perspectiva do “Bem Viver” esteja entre as utopias críveis.
Uma sexta feira em que caminhamos com Jesus, dando mais um passo para a compreensão de seu Projeto do Reino. Ele que necessita de pessoas como eu, como você, limitadas, falhas e pecadoras, para levar adiante esta proposta de instaurar entre nós o Reino, sonhado e querido por Deus para nós. No texto de hoje, Mateus nos traz o chamamento que Jesus faz a um cobrador de impostos, que estava sentado na coletoria, exercendo a sua função, a serviço da dominação romana, despertando assim a ira de todos os fariseus ali presentes à cena. Inimaginável que alguém que se colocava na condição de “Messias”, se misturar com aquele tipo de gente, pecador inveterado, pois além de coletar os impostos, aproveitava para cobrar uma parte a mais do que seu empregador exigia, apossando desta cobrança.
“Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores? (Mt 9,11) Para desespero dos doutores da lei, anciãos do povo, escribas e fariseus, Jesus não somente andava com aquele tipo de gente, como se misturava à eles, sentando-se à mesa, para com eles servir a refeição. Mateus era um publicano. Os judeus consideravam impuro o dinheiro deles. Não era permitido aos cobradores de impostos, por exemplo, prestarem depoimento no tribunal. Pela lei eram considerados “pecadores públicos”.
A casa de um pecador é a casa de Jesus e a casa de Jesus é a casa dos pecadores. A vocação do pecador é buscar a sua “conversão”, para assim alcançar a misericórdia de Deus. Foi para esta finalidade que Jesus fora enviado, para cuidar das “ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24-28) Jesus é aquele que veio fazer acontecer a justiça de Deus, sendo que a justiça do Reino é inseparável da misericórdia. Acolher, cuidar e conviver, revestido pela misericórdia, que só pode ser alcançada por aqueles e aquelas que se deixam ser tomados pela amorosidade que é a essência do ser de Deus. Estando e convivendo com os pecadores, Jesus rompe os esquemas sociais que dividem as pessoas em boas e más, puras e impuras. Chamando um cobrador de impostos para fazer parte de seu discipulado, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade cínica e hipócrita rejeita como pessoas más. “Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”. (Mt 9,13) Sinta-se chamado/a, acolhido/a e busque a sua conversão. A vocação do pecador é buscar a conversão. No mais, como diria o duque francês François La Rochefoucauld (1613-1680): “A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude”. Disse tudo.
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.