Jesus está a caminho de Jerusalém. Em Lc esse caminho é muito logo, ocupando dez capítulos (9,51-19,27), quase a metade do evangelho. Trata-se do caminho de Jesus para a libertação. Em Jerusalém irá dar a vida, e de Jerusalém nascerá a Igreja (cf. Atos dos Apóstolos sob o impulso do mesmo Espírito que esteve nele (Cf. Lc 4,18).
O caminho de libertação de Jesus requer a colaboração dos discípulos. Ao longo da viagem para Jerusalém as pessoas vão se definindo a favor ou contra o processo da libertação, aderindo a Jesus ou fazendo parte do grupo que rejeita e mata. É o modo próprio de Lucas apresentar o tema do julgamento. Este acontece na história, na caminhada da humanidade e não fora dela.
O Senhor escolhe setenta e dois discípulos e os envia, dois a dois a sua frente para toda a cidade e lugar onde ele próprio devia ir. O número 72 ou 70 é emblemático. Recorda os 72 anciãos de Israel. Com isso Lucas quer transmitir uma mensagem importante: o apelo a participar no anúncio do Reino feito a todos, sem exceção. O Reino de Deus é a origem da missão cristã: todos são convocados a tomar parte na tarefa de anunciar a presença de Jesus, aquele que traz para dentro da nossa história o projeto de Deus. Jesus precisa de precursores que anunciem não a si próprios, mas aquele que os enviou.
A partir dos versículos 2-12 é possível descobrir a identidade dos discípulos de Jesus. Em primeiro lugar, são pessoas que rezam porque percebem a urgência do projeto de Deus: “A colheita é grande mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita” (v. 2). Os discípulos são como os mestre. De fato, Lucas gosta de mostrar Jesus rezando nos momentos mais importantes. Por outro lado, a oração faz ressaltar que a missão dos cristãos é graça que vem de Deus. O projeto vem de Deus. É ele o dono da colheita.
Somos enviados por Jesus para a missão que Ele nos confiou. Sua realização vai depender dos caminhos que escolhemos. Se procurarmos o caminho da abertura para os irmãos, tratando-os com amor, certamente que daremos conta de nossos deveres de estado. Se ao contrário, nos fecharmo-nos em nós mesmos, perderemos a sensibilidade para seguir pelo caminho verdadeiro da doação.
Rezemos pois, por nossa perseverança e a dos irmãos.