Advento: Jesus que vem, mas que também é presença viva em nosso meio

Liturgia do I Domingo do Advento,
Ano A – 27/11/2022

Iniciaremos, neste domingo, o ano litúrgico. Ano litúrgico é a celebração do mistério, vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus, em quatro tempos: Advento, Quaresma, Páscoa e Comum.

Na Liturgia deste domingo, celebramos o primeiro domingo do Advento. Advento é tempo de espera, espera de Jesus que chega a qualquer hora. Jesus é o Reino e o Reino é uma vida melhor, dias melhores, paz, alegria, liberdade…

Advento é tempo de preparar a chegada de Jesus, não só pelo ambiente externo: comidas, bebidas, luzes, festas…, mas é tempo de arrumar o coração. Como? Onde? Pela prática das virtudes, principalmente a caridade, a partilha, participação na Novena de Natal com os vizinhos, visitas aos doentes e necessitados, buscar o sacramento da confissão, frequentar a missa e a vida de comunidade.

Um dos símbolos do Advento é Maria grávida, após o anúncio do anjo. Isso nos indica que devemos gestar, em nós, o “Verbo”. Devemos nos encarnar no Projeto de Deus. Em Maria, o Projeto de Deus se cumpriu. “Feliz aquela que acreditou que iria acontecer o que o Senhor prometeu”. Acreditar é, a cada dia, permitir o faça-se: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. É produzir não só obras da carne, mas obras do espírito: “Concebeu pelo Espírito Santo”. Enfim, Maria viveu o bem e pode sentir a grandeza de Deus agindo por seu intermédio: “O Senhor fez em mim maravilhas”.

Penso que a liturgia deste domingo, e de todo o Advento, quer chamar a atenção e nos dizer que este é um tempo de graça, ‘kairós’, tempo de nossa salvação. Portanto, cabe a cada um de nós apressar a vinda do Senhor, Ele se manifestará plenamente quando for “tudo em todos”, por isso devemos despertar para o essencial, despojarmo-nos de ações de trevas, não ficar adormecidos, “pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes da terra”.

Quando Jesus voltará, não sabemos, mas o evangelho responde como nos comportarmos enquanto Ele não chega: vigilância constante – Deus nos visita a todo momento.

Os que estão absorvidos pelos desejos da carne podem correr o risco de reduzir-se a uma vida instintiva (os animais comem, bebem, dormem, se reproduzem e não passam disso). Sem alimentar a vida espiritual, isto é, com a falta de Deus no coração humano, tudo poderá vir a ser permitido e ser normal, perde-se o senso da ética, do limite e da responsabilidade. Mas viver a vigilância é cuidar de si, cuidar das pessoas e da casa de Deus; ser vigilante é construir a esperança não só para si, mas também para os outros. Ser vigilante é uma questão de sensibilidade: pelo presente vemos o futuro. Exemplo: o Faraó, no Egito, não percebeu os sinais diante da realidade, enquanto Moisés viu os sinais dos tempos e, com a ajuda de Deus, libertou todo o povo da escravidão.

Enfim, ser vigilante é viver em comunhão com Deus para vencer todos os obstáculos, os problemas não devem nos derrotar, pois “em Cristo somos mais que vencedores”. Acolhamos a palavra do Evangelho deste domingo e reforcemos nossa experiência com Deus por meio da oração: “Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem”.

Concluo esta reflexão com as palavras do Salmo (24/25): “Vem, Senhor, nos salvar, vem, sem demora, nos dar a paz!”

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.