Quando o vinho envelhece

Amoris Laetitia 231

Deixo aqui uma palavra àqueles que, no amor, já envelheceram o vinho novo do noivado. Quando o vinho envelhece com esta experiência do caminho, então aparece, floresce em toda a sua plenitude a fidelidade dos momentos insignificantes da vida. É a fidelidade da espera e da paciência. Esta fidelidade, cheia de sacrifícios e alegrias, de certo modo vai florescendo na idade em que tudo fica « sazonado » e os olhos brilham com a contemplação dos filhos de seus filhos. Foi assim desde o início, mas agora tornou-se consciente, assente, amadurecido na surpresa quotidiana da redescoberta dia após dia, ano após ano. Como ensinava São João da Cruz, « os velhos amantes são os já treinados e testados ». Eles « já não têm aqueles fervores sensíveis nem aquelas ebulições e chamas externas de ardor, mas saboreiam a suavidade do vinho de amor bem sedimentado na sua substância (…) assente dentro da alma ».253 Isto supõe que foram capazes de superar, juntos, as crises e os momentos de angústia, sem fugir aos desafios nem esconder as dificuldades.