As motivações para o matrimônio

Amoris Laetitia 294

«Muitas vezes a escolha do matrimônio civil ou, em diversos casos, da simples convivência não é motivada por preconceitos ou relutância face à união sacramental, mas por situações culturais ou contingentes». Nestas situações, poderão ser valorizados aqueles sinais de amor que refletem de algum modo o amor de Deus. Sabemos que «está em contínuo crescimento o número daqueles que, depois de terem vivido juntos longo tempo, pedem a celebração do matrimônio na Igreja. Muitas vezes, escolhe-se a simples convivência por causa da mentalidade geral contrária às instituições e aos compromissos definitivos, mas também porque se espera adquirir maior segurança existencial (emprego e salário fixo). Noutros países, por último, as uniões de fato são muito numerosas, não só pela rejeição dos valores da família e do matrimônio, mas sobretudo pelo facto de a cerimônia do casamento ser sentida como um luxo, pelas condições sociais, de modo que a miséria material impele a viver uniões de facto». Mas «é preciso enfrentar todas estas situações de forma construtiva, procurando transformá-las em oportunidades de caminho para a plenitude do matrimônio e da família à luz do Evangelho. Trata-se de acolhê-las e acompanhá-las com paciência e delicadeza». Foi o que Jesus fez com a Samaritana (cf. Jo 4, 1-26): dirigiu uma palavra ao seu desejo de amor verdadeiro, para a libertar de tudo o que obscurecia a sua vida e guiá-la para a alegria plena do Evangelho.


Padre Jean Patrik Soares, Cura da Catedral, Reitor do Santuário Diocesano de Nossa Senhora de Belém e apresentador do Programa Tempo Novo da Rádio Cultura FM.