Vivemos num regime capitalista. Ele é extremamente cruel quando não vislumbra a perspectiva das pessoas, sobretudo daquelas que produzem a riqueza, mas que são relegadas a uma vida indigna. O seu filhote mais novo o Neoliberalismo, uma terminologia usada a partir do final dos anos 1980, empregada em economia política. O capital não produz riqueza. Quem produz a riqueza é o trabalhador, com a sua força de trabalho. O grande erro de quem detém o capital é achar que este irá sozinho produzir a riqueza. Muito embora que os donos do capital não tratam os trabalhadores como seres humanos.
Por sua vez, fazendo as honrarias da casa, a economia neoliberal trabalha para beneficiar as grandes potências econômicas e as empresas multinacionais. Desta maneira, os países pobres ou em processo de desenvolvimento, como o Brasil, por exemplo, sofrem diretamente com os resultados da política neoliberal. São apontados como causas mais evidentes: o desemprego crescente, baixos salários, aumento das desigualdades sociais e, sobretudo, dependência do capital internacional. De um modo geral, podemos afirmar que o neoliberalismo agrava substancialmente a má distribuição de renda, provocando conseqüências extremamente danosas para as populações de baixa renda
Contrapondo a este cenário previamente apresentado de riqueza acumulada nas mãos de uns poucos, vemos outra realidade possível apresentada por Jesus. Trata-se de um texto bastante conhecido que é o do milagre da multiplicação de Pães e peixes, que Mateus relata em seu evangelho: “Quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu, e foi de barca para um lugar deserto e afastado. Mas, quando as multidões ficaram sabendo disso, saíram das cidades, e o seguiram a pé. Ao sair da barca, Jesus viu grande multidão. Teve compaixão deles, e curou os que estavam doentes. Ao entardecer, os discípulos chegaram perto de Jesus, e disseram: «Este lugar é deserto, e a hora já vai adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar alguma coisa para comer. Mas Jesus lhes disse: Eles não precisam ir embora. Vocês é que têm de lhes dar de comer. Os discípulos responderam: Só temos aqui cinco pães e dois peixes. Jesus disse: Tragam isso aqui. Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Depois pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães, e os deu aos discípulos; os discípulos distribuíram às multidões. Todos comeram, ficaram satisfeitos, e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram. O número dos que comeram era mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças”. (Mt, 14,13-21)
Certamente que esta passagem quer antes de tudo mostrar o poder que Jesus tinha de multiplicar os pães e os peixes, para saciar a fome de todos aqueles e aquelas ali ao seu redor. Todavia, este poder de partilha também está em nós, a começar talvez por um consumo consciente e sem desperdício. Quanto alimento jogamos fora, num descarte inconsequente e irresponsável! No entanto, centenas de milhares de pessoas passam fome no mundo, enquanto toneladas são jogadas fora a cada dia.
Mas o que quero chamar a atenção mesmo é que, em meio a tanta tristeza de mortes ocorridas nos últimos dias aqui no Brasil, uma cena nos marcou profundamente. Uma rede de supermercados, numa determinada cidade do país, resolveu distribuir marmitas e um kit de higiene pessoal para centenas de caminhoneiros que passavam ali, naquela rodovia. Há vários dias que estes ANJOS DA ESTRADA vêm praticando este ato. Justamente para os homens da estrada, tão expostos no seu trabalho solitário de nos prover de bens necessários à nossa sobrevivência. Certamente que centenas de outros exemplos como estes estejam acontecendo por este Brasil afora.
Num tempo em que uma pandemia nos atinge…