Antídoto ao ódio

Hoje acordei pensando, no que leva uma pessoa a odiar tanto. O que faz uma pessoa ter dentro de si tantos sentimentos de RANCOR, ao ponto de fazê-la transpirar todo o ódio que carrega dentro de si. Com estas dúvidas em meu pensamento, procurei rezar e buscar as possíveis respostas dentro de mim mesmo. O coração humano tem disso. As pessoas são assim, ama e odeia em igual proporção. Na mesma medida que sou capaz de amar profundamente, também sou capaz de manifestar toda minha ira para com outra pessoa ou situação.

Nenhum de nós nasceu para viver no seu mundinho ou na sua ilha isolado. Nascemos para viver dentro das RELAÇÕES com as OUTRAS PESSOAS. Da mesma forma que nenhum de nós nasce dominado pelo signo do ódio. APRENDE-SE A ODIAR. Aprende-se a ser odiento. Na medida em que vou me fechando no meu casulo, deixo de olhar para as diferentes formas de ser e viver. E neste sentido, cada um é único, com seu jeito de ser, pensar e ver o mundo. E a nossa riqueza está justamente nesta diversidade de pessoas que não são como nós, por mais que cada um saia aos seus. E a riqueza de viver nesta sociedade diversificada, faz com que o outro me complete naquilo que ele é diferente.

O grande problema acontece quando alguns de nós se julgam mais importantes que os demais. A ideia do PENSAMENTO ÚNICO. Apesar de cada um ser único, o pensamento não é único. E viver em sociedade pressupõe também isso, saber respeitar o outro com as suas ideias e o seu jeito de ver as coisas. Podemos e devemos discutir estas ideias, sem que seja necessário, AGREDIR o outro de forma ofensiva. Se bem que estamos muito distantes desta ideia. O que vale é o que eu penso. Nem sempre o que penso é o melhor para todas as pessoas. Quando eu deixo de pensar em mim e no mundinho que me cerca, eu passo a pensar no coletivo e no que é bom para todos de maneira geral.

No campo da política então, há várias formas de ver, mas a que deve prevalecer é a ideia que o coletivo das pessoas deseja. Eu não sou o DONO DO PODER, mas tão somente estou no poder para fazer valer o direito de todos, sobretudo daqueles que são mais prejudicados nesta correlação de forças. Assim, eu não sou o presidente, mas estou presidente neste momento e devo satisfazer os interesses, não de um pequeno grupo de pessoas. Este pequeno grupo já está bem servido, pois sempre se beneficiou dos privilégios, que a sua classe angaria. ESTOU PRESIDENTE para que os interesses da maioria sejam assegurados, de forma que a sua vida com dignidade de ser humano, possa se tornar realidade.

Mas ai entra os interesses adversos e o EGOÍSMO. Eu preciso pensar em mim e nos que me estão mais próximos. Grande parte do ódio que reina entre nós é por causa deste egoísmo, pois ele causa a IGNORÂNCIA, a CÓLERA e, consequentemente o descontrole. Ignorância aqui, não como sinônimo de estupidez, mas como FALTA DE CONHECIMENTO maior sobre os problemas que nos envolvem. A maioria das pessoas tem a interpretação de ignorância como AGRESSIVIDADE. Todavia, geralmente quem age com ignorância (desconhecimento), vem acompanhado da estupidez e da agressividade gratuita. Nunca fomos tão odiosos como estamos vendo nestes últimos tempos. A morte do rapaz negro americano reflete este clima de guerra, que estamos assistindo entre nós. Pouco importava o clamor desesperado (I can not breathe – não consigo respirar) do rapaz que morreu, depois de ter sido asfixiado pelo policial branco. Que dor, ver uma cena como esta, em pleno SÉCULO XXI. E o policial tinha tudo para salvar a vida daquele pobre homem. Não o fez.

Precisamos repensar o nosso MUNDO. Precisamos repensar a sociedade que queremos para nós e para os outros. Uma sociedade de INCLUSÃO e não de EXCLUSÃO. Precisamos repensar as nossas relações e o nosso jeito de lidar com as outras pessoas. O ódio está nos CONSUMINDO POR DENTRO. Não nos esqueçamos que, quem odeia, AMA O ÓDIO que está dentro de si, e acaba matando o amor que é inato a cada pessoa. Nascemos para amar e acabamos aprendendo a odiar. Enquanto o amor constrói, inclusive pontes e janelas entre nós, o ódio só destrói. Lembremos que a primeira reação de quem odeia espera, é que o outro reaja no mesmo tom que ela. Na medida em que não se faz desta forma, há o desarme do outro. Fácil, não é! Talvez, tenhamos que adotar a mesma postura de Gandhi, quando da luta de independência da Índia, levando multidões a conhecer e a praticar o significado da NÃO VIOLÊNCIA: “Posso até estar disposto a morrer por uma causa, mas nunca a matar por ela!” (Mahatma Gandhi)