Reflexão: Liturgia da Festa do Batismo do Senhor, segunda-feira, 09/01/2023
Na Liturgia desta solenidade, Festa do Batismo do Senhor, veremos, por meio da Liturgia da Palavra (Is 42, 1-4.6-7; At 10, 34-38 e Mt 3,13-17), que o Batismo de João Batista era para a conversão dos pecados, ele convidava à penitência e reunia os que queriam formar um povo salvo da condenação final.
Nesta liturgia, também, percebemos que Jesus é solidário com a condição humana, prova do amor de Deus: “Jesus morreu por nós quando ainda éramos pecadores”. Não só morreu por nós: nasceu, viveu, trabalhou e pregou por nós, enquanto pecadores, porque são os doentes que precisam de médico.
Jesus fez-se nosso irmão, aproximou-se de nós não naquilo que temos de melhor ou mais bonito, mas de nossa fraqueza moral, da nossa solidão e falência: “Não se envergonhou de nos chamar de irmãos” (Hb 2, 11). Isso nos diz alguma coisa?
O Evangelho mostra a simpatia de Deus para com Jesus ‘voz do céu’: “Este é meu Filho amado…”, mas também mostra a ‘voz da terra’, pois Jesus é reconhecido pelo Oficial romano: “Na verdade, este homem era Filho de Deus”.
O Batismo de Jesus é a Festa da filiação e da fraternidade, início de sua vida pública, missão e salvação. Do Batismo até o fim (cruz) Jesus foi solidário com a condição humana.
Qual é o significado da Missão de Jesus em nossa vida? Jesus veio tornar os homens seus irmãos (filhos do mesmo Pai), tornando-os participantes da natureza divina. Na criação, a Palavra de Deus nos diz que, ao criar o ser humano, “Deus viu que era muito bom”, portanto, pecar contra a fraternidade é, antes de tudo, pecar contra a paternidade, contra o criador. Quando julgamos ou desvalorizamos os outros, estamos ocupando o lugar de Deus e, então, decretamos a falência do ser humano: ‘Não tem jeito, não presta, vagabundo, pena de morte etc.’
Somos batizados em Cristo, temos o seu Espírito, quando agimos como ele agiu conosco: solidariedade com os fracos e marginalizados, compaixão com os desprezados e para com os que sofrem.
Pelo Batismo somos inseridos no Corpo de Cristo = Igreja, Templo do Espírito Santo. Revestimo-nos de Cristo, passamos a ser ‘novas criaturas’, Filhos de Deus, ocorre ‘nossa epifania’ inicia nossa missão pública. O Pai, então, nos olha e nos aponta: “Este é meu filho amado…” Igual a Jesus, temos a missão de fazer o bem (síntese da vida de Jesus), multiplicá-lo: “Este é o povo que Deus procura” (2ª Leitura).
Pelo Batismo somos ‘eleitos’ por Deus. Deus vota em nós e nos confia o mandato de administrar a vida, sua maior riqueza. Administrar, também, a família, a Comunidade, o mundo do trabalho, a política etc. “Te chamei para a justiça, para ser luz, abrir os olhos dos cegos, tirar os cativos da prisão, livrar do cárcere os que vivem nas trevas” (1ª Leitura). Quais são nossas opções quanto às políticas públicas, ao projeto do bem comum, à cidadania etc.? Temos critérios ao escolher um Projeto Político ou somos mantenedores de um sistema de morte e exclusão? Estamos exercendo bem o mandato recebido ou devemos ser depostos do cargo? Lembremos que Jesus veio de Nazaré da Galileia, lugar de marginalidade e sofrimento e lá iniciou seu ministério. “De Nazaré pode vir algo de bom?”.
Pelo Batismo recebemos a missão de: Profeta: intérprete do Projeto de Deus; Sacerdote: a serviço do Projeto de Deus, instruir, celebrar… Rei Pastor: defender os que sofrem, fazer justiça aos oprimidos, proteger contra os perigos da exploração…
De qual forma buscamos o Batismo? Como fato social, tradição, superstição, padrinho e madrinha influente? O Batismo é compromisso de salvação ou não provoca consequências e todos continuam do mesmo jeito?
Por que sou batizado? Para assumir o compromisso com a Igreja, com seus ensinamentos, direitos e deveres ou tudo isso é indiferente? Vivo para mim mesmo ou para o Senhor? “Quem crer e for batizado será salvo, quem não crer será condenado”. “Ide fazei que todas as nações se tornem discípulos; batizando-as e ensinando-as a observar tudo o que eu vos ordenei”. Deus nos chama para sermos seguidores, não somos nós que ditamos as regras, devemos nos preparar e acolher seus ensinamentos com fé. Batizamos a criança na fé dos pais e dos padrinhos, porque queremos lhe dar, desde cedo, o Espírito Santo, não ficamos esperando que seja um adulto, para, aí somente, lhe dar coisas boas.
Alguns símbolos do Batismo
Água: por imersão, infusão ou aspersão. O importante é o Espírito Santo, não a forma (se fosse no rio, então, teria que ser o rio Jordão?).
Óleo: os lutadores usavam óleo para o corpo ficar mais forte e vencerem a luta contra o inimigo (mal).
Vejamos essa estória: “Uma vez um peixinho falou a um peixe mais sábio: ‘Sempre me falam do mar! Que é lindo, que é cheio de vida, que é rico de muita coisa boa, que é saudável e tantas outras coisas. Eu gostaria tanto de ver o mar’. Ao que o sábio respondeu: – Você está mergulhado nele. Você o respira, você vive nele. O peixinho fez uma grande descoberta: ele vive nele”.
Como as pessoas vivem? Acreditam que Deus está presente? Conhecem ou não este mistério?
Oração: Ó Pai, ouvi a oração que vosso Espírito nos sugeriu, dai-nos a inteligência para discernir vossos planos de salvação e coragem para vivê-los. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.