08 de julho
“Que importa que tenhais sido elevado à cátedra de Pedro? Mesmo que tivésseis sido arrebatado nas asas do vento, não poderíeis subtrair-vos à minha afeição; mesmo sob a tiara, o amor reconhece um filho”. São Bernardo de Claraval em correspondência ao papa Eugênio III
Nasceu Píer Bernardo Paganelli em Montemagno, em 1088, numa família cristã e abastada da nobreza italiana. De inteligência notável e temperamento reservado, estudou e recebeu a ordenação sacerdotal na diocese de Pisa, centro cultural próximo da sua cidade natal.
Nutria uma estreita amizade com São Bernardo de Claraval, o qual participará de grandes momentos de sua vida. Ingressou em 1130 na ordem fundada por Bernardo, dos monges Cistercienses. Tornando-se conhecido pela influência do amigo, foi escolhido para abrir um outro mosteiro da Ordem em Farfa, diocese de Viterbo, sendo consagrado o abade pelo papa Inocêncio II, seu antecessor na cátedra de Pedro.
Voltemos um instante para entendermos o contexto histórico da época: Roma estava sendo invadida por partidários políticos os quais pretendiam restaurar as glórias da república romana que antecedeu o império. Os agitadores de tal grupo faziam discursos inflamados sobre justiça social, bem como eram contra a instituição católica romana possuir tanta riqueza, desejosos de que ela abdicasse de todos os bens. A invasão foi encabeçada por um monge católico chamado Arnaldo de Bréscia, que por sua vez foi recebido na França e instruído por Pedro Abelardo, o qual foi considerado herege e combatido por Bernardo de Claraval.
Roma havia sido invadida, tendo a casa de vários cardeais saqueadas. Após a morte do papa Inocêncio II, os cardeais, devido a tal situação crítica pela qual encontrava-se Roma, elegeram para suceder Pedro, em fevereiro de 1145, um sacerdote que não fazia parte do colégio cardinalício. O eleito foi o abade do mosteiro Farfa, Pier Bernardo.
Sucessor de Pedro com o nome de Eugênio III, o papa na mesma noite de sua eleição obrigado foi a fugir de Roma e, juntamente com os cardeais, refugiou-se em seu mosteiro em Farfa.
Exigiu o líder dos revoltosos, Arnaldo, que o recém eleito abdicasse do seu poder temporal sobre Roma, bem como a destruição de Trivoli, comunidade nos arredores da cidade eterna. Eugênio III teve que refugiar-se por três anos na França. Contou o sumo pontífice com o auxílio do católico e futuro imperador germânico Frederico Barba-Roxa, cujo exército invadiu Roma, capturou Arnaldo de Bréscia e o decapitou, podendo o papa finalmente retornar para a cidade sede.
Como já citado, havia uma estreita relação de amizade entre Pier Bernardo, futuro sucessor de Pedro, e São Bernardo de Claraval. Ao ser eleito papa, São Bernardo ao amigo enviou correspondências exortando-o quanto ao perigo do orgulho o qual do cargo poderia sobrevir. Diz Bernardo que seu amigo tem uma posição elevada no mundo, uma visão privilegiada sobre a terra, e que, portanto, Eugênio deveria agir como sentinela e não apenas como um governador dominador, uma vez que o Santo Padre estava a serviço de Cristo para liderar o rebanho, mas o mundo a Cristo pertencia.
Foi através da intermediação de São Bernardo de Claraval junto ao pontífice que houve a autorização para a organização da segunda cruzada (1147 – 1149) que foi liderada pelos reis Luís VII da França e Conrado III do Sacro Império Germânico. Os cristãos tiveram que enfrentar os muçulmanos que invadiam cada vez mais a Europa. Muitos historiadores têm a expedição como fracassada.
Morreu o papa Eugênio III no dia 8 de julho de 1153, depois de governar a Igreja por oito anos e cinco meses. Beatificado foi em 1872.
Eugênio III, rogai pela Igreja para que sejamos sempre soldados de Cristo.
Meyre Fráguas Correa Pereira, natural de Timóteo-MG, atua profissionalmente na rede pública do estado de Minas Gerais como professora de História no ensino básico. Licenciou-se em História pelo Centro Universitário de Caratinga-UNEC em 2018 e atualmente é discente do curso de Pedagogia. Atua na PASCOM da Paróquia São Domingos de Gusmão na cidade de São Domingos do Prata-MG, onde é residente. É amante da literatura e estuda a língua latina.