As manhãs de cada dia em tempos de coronavírus são assim, meio insossas. As nossas perspectivas ficam a depender do que pode vir acontecer nestes dias. Parece que os dias são todos iguais. Falta-nos perspectivas de que algo vai ser diferente em nossas vidas. Nunca imaginamos que as incertezas fossem aquelas que ditariam os rumos das nossas vidas. Talvez o filósofo Agostinho nos ajude ou quem sabe complique ainda mais a nossa compreensão. Segundo ele, o tempo não tem realidade em si mesmo, pois é uma invenção do homem, constituído por três nadas: o PASSADO, que não existe mais; o FUTURO, que ainda não existe; e o PRESENTE, tão fugaz que é uma mistura de passado e futuro.
Na liturgia do dia de hoje, Jesus se apresenta como CAMINHO, VERDADE e VIDA. Uma boa síntese para nos ajudar a compreender melhor, quem, de fato, foi este homem que dividiu a historia da humanidade em duas partes: antes e depois de si. Caminho este que todos deveremos descobrir para poder CAMINHAR e fazer cada qual a sua história com o livre arbítrio que Deus nos deu. Gosto da compreensão que Chico Xavier quando diz: “devemos descobrir cada qual o seu caminho na vida, pois ninguém é responsável por nosso destino, a não ser nós mesmos.” Desta forma, cada um traça o seu caminho e tenta fazer a sua trajetória histórica, assumindo a responsabilidade por cada ato seu.
A semana está chegando ao seu final. O vírus segue fazendo aumentar ainda mais as estatísticas entre nós. São dados que assusta ao mais incessível dos seres que há sobre a terra. Muito embora que, alguns entre nós, parece viver outra realidade. No momento em que as mortes vão acontecendo, um grupo de empresários, se dirige até a SUPREMA CORTE do país, inquirindo o presidente daquela casa a pressionar governadores e prefeitos para que flexibilizem o ISOLAMENTO SOCIAL e assim, as suas empresas voltem à normalidade, angariando lucros fartos para estes homens de bem. Tal fato é elucidativo para todos nós, uma vez que evidencia o quanto VALE A VIDA DAS PESSOAS que trabalham nas suas empresas.
Jesus se propõe como a VIDA. Não qualquer vida, mas vida em PLENITUDE. (Jo 10, 10). Assim, todos os que o seguem devem ter em si esta proposição de ser também vida. De lutar pela vida de todos. Não há sentido de ser UM COM JESUS, se não tem este horizonte como meta. Certamente que cada um daqueles empresários que se dirigiu ao presidente do STF, se auto proclama cristão. Todavia, a vida dos que estão sendo ameaçados pela covid-19, pouco lhes interessa e importa, conquanto seus potenciais LUCROS voltem a ordem do dia.
Entre o caminho e a vida, Jesus também se apresenta como a VERDADE. Verdade a ser seguida como valor imprescindível para se chegar até DEUS. Verdade que nos define quem é o próprio Deus. Mais do que o simples significado daquilo que está intimamente ligado a tudo que é SINCERO, que é VERDADEIRO, ou da simples ausência da mentira. Verdade esta que, para ser alcançada, na concepção de Aristóteles, devemos percorrer o caminho de superação da Ignorância, que é o estado de completa “AUSÊNCIA DE CONHECIMENTO” do SUJEITO em relação ao OBJETO.
É preciso encher-se de sabedoria para conseguir encontrar os desígnios de Deus em nosso caminhar. Sabedoria esta que a grande poetisa goiana Cora Coralina definia num de seus poemas da seguinte forma: “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes.” Que saibamos traçar o nosso caminho de seguimento de Jesus com muita SABEDORIA, espelhando nos PEQUENOS e HUMILDES, sendo CAMINHO VERDADE e VIDA. E não sejamos como o tolo do provérbio oriental que ao lhe ser mostrada a lua, ele imediatamente olha para a ponta do dedo de quem, lhe mostrou.
