Queridos peregrinos, continuamos acompanhando a atividade de Jesus a caminho de Jerusalém. Os ditos e feitos dos mestres formam um pequeno manual de instruções para quem deseja se tornar Seu discípulo. O tom escatológico permanece, apontando para a consumação dos tempos. Essa relação entre presente e futuro é muito significativa. Indica que o Reino de Deus começa neste mundo, mas se realizará definitivamente na plenitude da história.
O escândalos (Lc 17, 1-3a) – Jesus está preocupado com a conduta dos Seus discípulos. Entre os cristãos, não deve haver escândalos: cada membro da comunidade cristã deve ser um reflexo do Cristo. Por isso, os discípulos de Jesus precisam vigiar suas palavras e atitudes.
Correção fraterna (Lc 17, 3b-4) – A correção fraterna é a capacidade de corrigir o outro tendo em vista o crescimento dele. No entanto, para o cristão a correção não é o suficiente. É preciso perdoar. O perdão é a capacidade de olhar para o erro do outro com amor. A fonte do perdão é o amor de Deus.
O poder da fé (Lc 17, 5-6) – A fé é a grande aliada dos discípulos de Jesus. É por meio dela que o Senhor age no tempo e na história. Por isso, os discípulos devem cultivar essa virtude. A fé é capaz de tocar o poder misterioso de Deus. É por ela que os discípulos realizarão grandes obras.
Servir com humildade (Lc 17, 7-10) – O serviço é um dom divino. Através dele, podemos explorar e partilhar aquilo que temos de melhor. É pura graça. Em sua onipotência, Deus quis precisar de nós. Todos nós somos dispensáveis, mas o Senhor quis contar conosco e nos enriqueceu de dons e talentos.
Os dez leprosos (Lc 17, 11-19) – Os nove curados ficaram preocupados em se apresentarem ao sacerdote para ficarem livres do fardo que a lei impunha sobre eles devido à suas condições de leprosos. Por sua vez, o samaritano supera a letra da lei e se abre para a graça salvífica de Deus numa profunda experiência de gratidão. O ser humano não pode ser um mero observador da lei. Antes de tudo, ele deve se sentir amado por Deus. A observância da é uma consequência do amor.
A vinda do Reino de Deus (Lc 17, 20-21) – O Reino de Deus possui duas dimensões. Ele é um já e um ainda não. Isso significa que o Reino de Deus começa neste mundo, mas atingirá a perfeição na eternidade.
O Dia do Filho do Homem (Lc 17, 22-37) – Jesus é o grande inaugurador do Reino. Ele é o Filho do Homem, que inicia o um novo tempo na história. Os discípulos precisam estar preparados para participarem dessa graça. Noé e Lot são apresentados como modelo e inspiração. Para participar da plenitude do reino é preciso cultivar um coração desapegado de qualquer preocupação mundana e fixo nas coisas do alto.