No sétimo capítulo do Evangelho de Lucas, continuamos acompanhando o ministério de Jesus na Galileia. Nele, encontramos alguns episódios bastante significativos da ação liberadora do Mestre e da sua solidariedade com os pobres e marginalizados que nos oferecem uma belíssima catequese sobre a doutrina da salvação. A Boa Nova de Jesus supera todos os preconceitos e irrompe num grande movimento libertador e vivificante.
a) Cura do servo de um centurião (Lc 7, 1-10)
Lucas destaca a fé de um pagão na eficácia da Palavra de Jesus. “Palavra” em hebraico, רבָדָּ (dabar) tem um sentido muito forte. Indica a ação criadora, operante e transformadora de Deus. Desta forma, o evangelista aponta o itinerário ideal da fé. A fé que Israel recebeu por herança não se limita a um único povo, mas deve ser comunicada a todas as gentes e nações. Todos os povos, em suas mais diversas línguas e culturas, é capaz de Deus.
b) Ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7, 11-17)
Em Jesus, contemplamos a compaixão de Deus pelo seu povo. O Mestre realiza aquilo que seu nome indica: “Deus salva”. Ele é a expressão do grande amor de Deus que rompe os limites do tempo e do espaço e entra na história da humanidade. O Deus de Israel não apenas visita o Seu povo, mas assume a vida dele. Ao ressuscitar o filho da viúva de Naim, Jesus resgata a vida daquela mulher, pois sem filho e sem marido ela estava fadada à miséria.
c) Pergunta de João Batista e testemunho que lhe presta Jesus (Lc 7, 18-30)
A comunicação entre João Batista e Jesus revela a íntima relação entre a Antiga e a Nova Aliança. Jesus é o cumprimento das promessas de Deus, das quais João é o último mensageiro. Por isso, o próprio Jesus dá testemunho de João Batista. O poder de Jesus contra os males revela a força libertadora do Seu messianismo. Ele é o ápice da revelação divina e o Messias prometido por Deus e tão aguardado por João Batista.
d) Julgamento de Jesus sobre sua geração (Lc 7, 31-35)
Jesus critica a dureza de coração da sua geração. A mensagem do Mestre e do seu precursor é rejeitada. A indiferença à Boa Nova de Jesus impede a ação transformadora de Deus e leva o povo à sua própria ruína.
e) A pecadora perdoada (Lc 7, 36-50)
Em Jesus, também contemplamos a ação misericordiosa de Deus. Ele se solidariza com o ser humano na sua mais profunda miséria. Por isso, a salvação se realiza no amor. A mulher pecadora é salva porque muito amou. Quem ama Deus, ama Seu projeto de Vida e Libertação e ama todos àqueles a quem essa Boa Nova é destinada. A balança de Deus é o amor. Esse é o grande critério de salvação.