Como entender a Imaculada Conceição

CRÍTICA DOS EVANGÉLICOS: a doutrina da Imaculada Conceição de Maria é contrária ao ensinamento bíblico. Segundo a Palavra de Deus somos todos pecadores. E como Maria faz parte da raça humana ela também esteve sujeita ao pecado (Sl 50,1-2; 1Jo 1,8-10, Rm 3,23). Os primeiros cristãos sempre entenderam que apenas Jesus era isento de quaisquer pecados (Hb 4,15; 1Pd 2, 22; 1Jo 3,5; 2Cor 5,21; Mt 4,1-11).

 

RESPOSTA CATÓLICA

         A doutrina da impecabilidade de Jesus é um consenso para todas as igrejas cristãs. “… Ele foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15b). Estava claro para os primeiros cristãos que Jesus não pecou. Mas esse dado de fé não constitui um argumento para negar a Imaculada Conceição da virgem Maria, como sugerem os evangélicos. Pelo contrário, se Jesus viveu uma vida pura em tudo, a própria razão sugere que aquela mulher que deu vida ao corpo humano, que o educou na infância, de antemão deveria ser preparada para tão nobre missão.

         Pouco a pouco a Tradição da Igreja intuiu que devido à dignidade de Jesus Maria fora preservada do pecado. É isso que indica o termo Imaculada, sem as manchas, ou seja, sem máculas do pecado. Essa Tradição acompanha a caminhada da Igreja, desde os primórdios do cristianismo. Mas somente no ano 1848, o papa Pio IX declarou a Imaculada Conceição de Maria. Ao fazer isso o papa não criou uma nova verdade de fé, mas sim confirmou aquilo que a Tradição já tinha como certo.

         Porém os protestantes alegam que não há respaldo bíblico que apóie a doutrina da Imaculada Conceição. Apesar desta não estar explícita na Bíblia, algumas passagens a sugerem indiretamente. Sua parenta Isabel a saúda como a “Bendita entre todas as mulheres” (Lc 1,42). E o anjo do Senhor se dirigiu a Maria como a “Cheia de graça” (Lc 1,28). Em virtude do mérito de ser escolhida como a mãe do salvador, a cheia de graça não poderia estar sob o domínio do pecado.

Merece atenção a visão da mulher apresentada no Apocalipse (Ap 12). Essa é perseguida pelo dragão, personificação do mal, todavia a mulher voa para o deserto e vence o dragão que procura derrotá-la. Os estudiosos da Bíblia entenderam que essa visão de João se refere à Igreja nascente, perseguida pelas potencias do mal, mas também viu nela uma representação de Maria, a mãe dos cristãos, que não se deixou vencer pelo mal, personificado na figura do dragão. Foram essas passagens bíblicas que levaram os cristãos dos primeiros séculos a intuir a Imaculada Conceição.

         Aqueles que se recusam a aceitar a Imaculada Conceição por não estar explícito na Bíblia, também deveriam considerar que não está explícito na Bíblia o nome de Igreja alguma. Até mesmo o número dos 27 livros do Novo Testamento não está explícito na Bíblia. Vale lembrar que a Tradição da Igreja tem autoridade para nos auxiliar na compreensão da Bíblia, pois foi ela quem conservou a Palavra. “Permanecei firmes e conservai as tradições que vos foram ensinadas, tanto de viva voz, quanto por meio das nossas cartas” (2Ts 2,15).

         O Catecismo da Igreja Católica nos ensina: “No momento da Anunciação, anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação era preciso que ela estivesse totalmente sob a moção da graça de Deus. Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada da graça” por Deus, foi redimida desde a concepção. É isso que confessa o dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo papa Pio IX”. (CaICa, n. 490).


Padre Gilson José Dembinski, é graduado em Teologia, Filosofia. Especialista em Psicologia Pastoral, Teologia Bíblica e Ensino Religioso, Orientação Espiritual, Parapsicologia Clínica e Hipnoterapia. Formação profissionalizante: Introdução à mágica.