“Naquele homem humilde e profundamente bondoso achávamos personificado, e levado pela fé às suas mais belas possibilidades, o que há de melhor em nosso povo.” Cardeal Joseph Ratzinger
A lembrança deste discreto porteiro é celebrada pela Santa Igreja hoje, 21 de abril. São Conrado, nono de dez filhos, nasceu em Parzham, Alemanha, em 1818 em um lar cristão de pais fazendeiros que gozavam de relativa prosperidade. Reunidos, toda a família rezava diariamente o rosário e passagens da bíblia eram meditadas. Nos duros golpes da vida, aos dezesseis anos fica órfão de pais, os quais santamente morreram.
Trabalha fielmente na propriedade da família, sempre fazendo suas orações e peregrinações. Muito devoto da Virgem Maria, fazia com frequência romarias ao santuário mariano em Altötting, cidade na qual passará o resto dos seus dias servindo em um convento e santamente morrerá.
O santuário mariano de Altötting, do tempo carolíngio, é um grande centro de romaria bávara desde a Idade Média tardia. Na juventude, sentia Conrado em seu coração um amor tão ardente pela Mãe de Deus e pelas coisas do alto que uma voz parecia sair da imagem de Nossa Senhora de Altötting dizendo-lhe: “Fique aqui; esta é a sua casa.”
Tinha também Conrado grande admiração por São Francisco de Assis e opta, por isso, ingressar na ordem leiga dos capuchinhos. Doa todos os seus bens aos pobres e aos 33 anos toma o hábito no convento de Laufen em 17 de setembro de 1851, festa das chagas de São Francisco, e recebe seu novo nome: Conrado de Parzham. É com tamanha alegria – uma vez que ficará mais próximo de sua Mãe – que recebe a transferência para o convento de Altötting para exercer a função de porteiro; função esta que desempenhará – inicialmente temeroso – com muito diligência, humildade e silêncio nos próximos 43 anos de vida até a sua morte.
A história deste simples porteiro bávaro influenciou um conterrâneo que mais tarde tornou-se papa: Bento XVI. Frei Conrado, nascido Johann Birndorfer, foi beatificado por Pio XI em 1934 quando a então criança Joseph Ratzinger tinha apenas sete anos. Mas que lição podemos tirar da vida de um simples porteiro que não era douto, não era da produção literária e exercia sua função silenciosamente? Como pôde um homem não deixar-se influenciar pela modernidade do seu tempo mantendo-se firme na fé? Eis o que chamou a atenção do jovem Ratzinger.
Durante o tempo que viveu no convento, nada de extraordinário aconteceu na vida de São Conrado; no entanto ele faz uma observação a respeito da opção pelo silêncio: “Assim me preservarei de muitos defeitos, para me entreter melhor nas conversas com meu Deus.”
Jospeph Ratzinger lembra com carinho em sua autobiografia da canonização de São Conrado. O futuro papa nasceu a apenas 15km de Altötting, onde sua família também fazia muitas visitas. Observa Ratzinger que Conrado parecia não ter sido atingido pelas correntes históricas de seu tempo e que Deus certamente deu a clara visão do essencial aos pequeninos e ocultou-as dos doutos e entendidos.
Parou Frei Conrado de exercer sua função de porteiro três dias antes de sua morte. Partiu desta vida para encontrar Sua Rainha em 21 de abril de 1894.
São Conrado, rogai por nós e ensinai-nos o dom do silêncio.
Meyre Fráguas Correa Pereira, natural de Timóteo-MG, atua profissionalmente na rede pública do estado de Minas Gerais como professora de História no ensino básico. Licenciou-se em História pelo Centro Universitário de Caratinga-UNEC em 2018 e atualmente é discente do curso de Pedagogia. Atua na PASCOM da Paróquia São Domingos de Gusmão na cidade de São Domingos do Prata-MG, onde é residente. É amante da literatura e estuda a língua latina.