Chegamos a mais um final de semana de nosso calendário. Dia dos namorados. Véspera da festa de Santo Antônio. A Igreja celebra no dia de hoje a Solenidade da Festa do Sagrado Coração da Mãe de Jesus. Ela, passando os percalços com o seu filho ainda adolescente, mas já mostrando a que veio. Coração de mãe não bate, apanha, diz o dito popular.
O casal de Nazaré com toda a sua simplicidade no viver, nos ensinando a lidar com as coisas de Deus. Um paradigma para todos nós, de como sermos fiéis, fazendo a vontade de Deus. Uma cena emblemática, uma vez que o menino Jesus, com apenas doze anos de idade, se colocando no meio dos “doutores” com autoridade.
Estamos nestes dias refletindo sobre as coisas do coração. Uma reflexão muito apropriada para o momento, diante de tantos corações dilacerados pela dor dos dissabores do contexto de morte que nos rodeia. É preciso ter muita força em nós para não nos deixarmos sucumbir diante de tamanha insanidade irresponsável.
Coração de mãe que me faz recordar de minha infância feliz ao lado da minha progenitora. Uma mulher simples, de poucos estudos, mas de muitos saberes da vida cotidiana. Uma mulher de Deus, ciente da sua missão neste mundo. Tenho mais dela em mim do que eu possa imaginar.
Corações de famílias acalentadas pela ação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que nesta manhã de sábado, doarão 500 cestas básicas e outras iguarias, na tentativa de aplacar a fome em tempos de pandemia. Isso depois do arcebispo de Curitiba(PR), D. José Antônio Peruzzo, proferir a sua benção sobre esta ação solidária. O MST tão perseguido pelas ordas de “pessoas de bem”, encarregando de fazer a sua parte. Ocupar! Resistir! Produzir! E eu diria: compartir!
Coração de Jesus. Coração de Maria. Ambos transbordantes da misericórdia do Pai. É do meio das coisas mais simples que Deus faz brotar a esperança de vida plena. Não é da riqueza, da vida farta dos grandes palácios que virá as coisas de Deus. Desde pequeno, o Filho de Deus aprendeu a trilhar os caminhos alternativos da história, e ver que a salvação não vira pelos grandes e poderosos que se bastam a si mesmos.
Estes últimos, se ocupam em ganhar os seus lucros fartos. Nunca se lucrou tanto como nestes tempos de pandemia. Em nenhum momento se viu da parte destes, qualquer gesto solidário, para socorrer aqueles que estão desempregados, passando fome com as suas famílias. Ao contrário, se ocupam apenas em conferir os seus ganhos, as custas da miséria de muitos. Mas a justiça de Deus haverá de triunfar. Tão certo como a ação de Deus na história humana, através da encarnação de seu Filho entre nós.
Coração da “Comadre de Nazaré”, igual ao coração do filho que ainda adolescente já tinha em si a ideia clara de que: “Não sabem que devo estar na casa de meu Pai” (Lc 2,49). Que saibamos também estar na casa do Pai, que é a casa dos pequenos, que estão parecendo toda forma de dor e sofrimento. E que possamos dizer com o Papa Francisco: “Nenhuma família sem casa! Nenhum camponês sem terra! Nenhum trabalhador sem direitos”