Reflexão litúrgica: Quarta-feira, 27/12/2023
Festa de São João Apóstolo e Evangelista
Na Liturgia desta quarta-feira a Igreja celebra a festa de São João Apóstolo e Evangelista, filho de Zebedeu (Mt 4,21), irmão de Tiago, o Maior (Lc 5,10), discípulo de João Batista (Jo 1,35-41), foi um dos primeiros a passar para o seguimento de Jesus. Foi um dos mais ativos membros do grupo, um daqueles a quem o Senhor confiou maior número de encargos e os mais íntimos segredos (Mt 17,1-8). É o discípulo predileto que, na última ceia, reclinou a cabeça no peito de Jesus (Jo 13,23-25). Testemunha da transfiguração (Mt 17,1) e da agonia do Senhor (Mc 14,33), está presente ao pé da cruz, onde Jesus lhe confia a Mãe ((Jo 19,26-27). Junto com Pedro, viu o sepulcro vazio e acreditou na ressurreição do Senhor (Jo 20,1-9).
Evangelista teólogo, penetra profundamente o mistério do Verbo feito homem, cheio de graça e de verdade (Jo 1,1-14). Na primeira carta, cume de toda a teologia sapiencial, dá-nos a mais alta definição da divindade: Deus é amor (1Jo 4,8). Exilado na ilha de Patmos, foi arrebatado em êxtase no dia do Senhor (Ap 1,9-10) e teve as visões que descreveu no Apocalipse, último livro do Novo Testamento.
O Apocalipse é essencialmente uma meditação sobre o significado da história, redigida segundo um gênero literário muito usado no mundo hebraico, e destinada a fortalecer a fé cristã exposta a perseguições: Cristo já venceu o mundo e Satanás; os que participam dos sofrimentos de Cristo participarão também de seu triunfo.
Na 1a Leitura (1Jo 1,1-4), vemos que desde o início, João destaca o centro de toda a revelação de Deus: a vida. Do Pai para o Filho, do Filho para suas testemunhas, das testemunhas para os fiéis, ela se transmite e vai se ampliando como participação, comunhão e alegria. A revelação, portanto, não é uma ideia abstrata; é a manifestação de Deus no seio da história, comunicando a vida concreta, presente em Jesus Cristo. E a verdadeira Igreja é uma comunhão voltada para a vida; por isso, ela gera alegria e comprova a união íntima com o Pai e com o Filho.
No Evangelho (Jo 20,2-8), vemos que diante do túmulo vazio, é possível tomar duas posições. Pedro se fixa nas evidências que seus olhos apresentam, e não vai além disso. Mas a fé exige mais: o discípulo amado viu as mesmas coisas que Pedro havia visto, mas acreditou, para além do que viu. A aposta em Jesus exige o salto da fé: confiar que o evangelho tem lugar neste mundo, mesmo quando as evidências apontem na direção contrária.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.