Sábado da sétima semana do tempo pascal. Enfim estamos chegando a terceira maior festa da cristandade. Ao lado do Natal e da Páscoa, Pentecostes figura como um marco litúrgico importante na história da Igreja. Uma festa religiosa cristã que comemoramos a descida do Espírito Santo sobre a comunidade dos apóstolos de Jesus, cinquenta dias depois da páscoa. O termo grego “pentēkostḗ”, cujo significado é “quinquagésimo”, fazendo referência aos 50 dias que se sucedem depois da Páscoa. Originariamente, no Antigo Testamento, o Dia de Pentecostes é citado com outras nomenclaturas, como: “Festa da Colheita ou Sega” (Êx 23,16), “Festa das Semanas” (Deut 34,22) e também “Dia das Primícias dos Frutos” (Núm 28,26).
Certo é que, ao lado dos primeiros seguidores de Jesus, teremos a oportunidade de também receber a graça da presença do Espírito em nossas vidas. Presença esta que nos renova se assim nos deixarmos penetrar pelas luzes do “Defensor”. Uma força que nos vem do próprio Deus, ativando o nosso ser neste mundo, guiados pela presença amorosa de Deus. Ao abrir-nos a esta possibilidade, veremos que não seremos mais os mesmos, mas teremos em nós Aquele que nos acompanhará ao longo de toda a nossa via crucis existencial, fazendo de nós testemunhas vivas do Cristo Ressuscitado. “Viva eu! Já não eu. Viva Cristo em mim!” (Gál 2,20)
Mais uma semana que vai chegando ao seu ocaso. Semana esta que tivemos dois marcos importantes: “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (29/05 a 05/06)” e também a “Semana Nacional do Meio Ambiente”, que todos os anos é comemorada na primeira semana do mês de junho, quando no dia 5 celebramos o “Dia Mundial do Meio Ambiente”. Esta semana foi criada, no Brasil, pelo Decreto de nº 86.028, de 27 de maio de 1981, cujo objetivo maior é o de provocar na sociedade a discussão das pautas relacionadas à preservação do patrimônio ambiental brasileiro. Se ao menos tivéssemos a consciência ambiental dos povos originários, a nossa relação com o meio ambiente seria outra, sem sombra dúvidas.
Na semana do meio ambiente, os povos indígenas estão muito apreensivos. Com a atitude do Supremo Tribunal Federal (STF) de retirar da sua pauta, o julgamento sobre demarcação das terras indígenas, gerou entre todas as lideranças indígenas, certa insegurança jurídica e também política. O que acontece no centro do poder jurídico do país, tem repercussão direta na ponta, nas aldeias. Os territórios indígenas seguem sendo alvo da cobiça desenfreada dos latifundiários, transvestidos de agronegócio, madeireiros, garimpeiros, grileiros em geral, cada vez mais invadindo e apropriando das terras indígenas, pondo em risco a vida dos povos originários, sua cultura e ancestralidade, bem como a sobrevivência da Mãe Natureza. A Pachamama chora em dores de parto.
Tudo poderia e deveria ser muito diferente se houvesse respeito ao diferente entre nós. Os Povos originários que aqui chegaram, bem antes dos ardilosos colonizadores, precisam ser respeitados em sua dignidade, assim como a letra da Constituição Federal de 1988, e não se tornar letra morta nas mãos de uns poucos privilegiados da elite rural deste país. A causa indígena é a causa de todos nós. Defender os direitos indígenas é defender a sobrevivência de todos nós. Que possamos todos aprender com eles, como nesta fala de uma de suas principais lideranças, Ailton Krenak: “As crianças indígenas não são educadas, mas orientadas. Não aprendem a ser vencedores, porque, para uns vencerem, outros têm de perder. Aprendem a partilhar o lugar onde vivem e o que têm para comer. Têm o exemplo de uma vida onde o indivíduo conta menos do que o coletivo. Este é o mistério indígena, um legado que passa de geração para geração. O que as nossas crianças aprendem desde cedo é por o coração no ritmo da Terra.”
Aprender também com Jesus de Nazaré, já que somos ou queremos ser seguidores d’Ele. Caminhar com Ele testemunhando a sua presença viva entre nós. O ser e o estar de Jesus está em nós. Somos suas criaturas. Somos os continuadores e as continuadoras de sua missão neste mundo. Apesar dos percalços pelos quais passamos, não devemos desanimar, pois a terceira pessoa da Trindade Santa, veio nos fazer companhia, reforçando a presença de Deus em nós. Testemunhar este Jesus é testemunhar o Reino que vamos construindo com a nossa participação decisiva. Como inspiração maior, temos a Palavra de Deus transcrita no Evangelho que é o testemunho de toda uma comunidade que se transforma cada vez mais ao seguir Jesus na experiência concreta do amor. Conhecer a Jesus é dar testemunho de sua presença em nós. De testemunho em testemunho, vamos caminhando na fé. Não de qualquer testemunho, mas o testemunho d’Ele, pois “Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro”. (Jo 5,31) Quem venha o Espírito Santo nos iluminar!
Francisco Carlos Machado Alves conhecido como Chico Machado, foi da Congregação do Santíssimo Redentor, os Redentorista, da província de São Paulo. Reside em São Felix do Araguaia no Mato Grosso e é agente de Pastoral na Prelazia de São Felix desde 1992. Sua atividade pastoral é junto aos povos indígenas da região: Xavante, Kayabi, Karajá, dentre outros. Mestre em Educação atua na formação continuada de professores Indígenas, nas escolas das respectivas aldeias.