Reflexão litúrgica: Quinta-feira, 13/07/2023
14ª Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta quinta-feira, XIV Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Gn 44,18-21.23b-29;45,1-5), que os sonhos de José se concretizam; seus irmãos se prostram diante dele. José os trata com severidade para verificar o arrependimento deles, e os submete a uma série de provas. O que ele quer saber é se os irmãos se modificaram, e se são capazes de agir com verdadeira fraternidade. Simeão foi escolhido por ser o segundo filho, pois José fica sabendo que Ruben, o mais velho, não era o culpado. Como José, Benjamim era o filho de Raquel, a esposa amada de Jacó: será que os irmãos odeiam Benjamim como odiavam a José?
O teste de fraternidade a que José submete os irmãos começa a surtir efeito: Judá se responsabiliza por Benjamim. A boa acolhida de José causa espanto nos irmãos e prepara o ponto máximo do encontro. Judá que tinha sugerido vender José como escravo e fizera o pai sofrer, agora está disposto a se tornar escravo para que seu irmão Benjamim, preferido do pai, possa voltar para casa. Dessa forma Judá redime a falta que cometera no passado contra a fraternidade, dá assim a prova decisiva de afeição, sua e dos irmãos, para com ele. Com efeito, descreve com palavras comovidas a dor do velho Jacó, e alude à pretensa morte de José, longe de imaginar o efeito perturbador de suas palavras em seu interlocutor. O forte tom emocional realça José como modelo de sabedoria e bondade: frente irmãos prostrados, controla sua emoção, obtém a submissão deles e não usa seu poder para vingar-se. Afastada toda dúvida, José pode agora manifestar sua verdadeira identidade a seus irmãos, que reencontra arrependidos e mudados.
Se até então o tratamento entre José e os irmãos era de um senhor para com os servos, agora ao ver que os irmãos se transformaram, José se declara: “Eu sou José, irmão de vocês”. E o clima se trona fraterno. As palavras de José mostram o ponto de vista da fé sobre os acontecimentos: Deus age por meio das pessoas e das situações para realizar seu projeto de vida. Muitas vezes não compreendemos os acontecimentos e situações porque não somos capazes de descobrir o que Deus quer com eles. Caminhamos no escuro e precisamos acreditar que Deus vai realizando o seu projeto por meio da nossa apropria incompreensão. Só no fim compreenderemos que Deus estava junto conosco durante todo o tempo, encaminhando nossa história para a liberdade e a vida.
Vemos no Evangelho (Mt 10,7-15), que anunciar o Reino é dar vida aos irmãos. Mesmo que não sejamos capazes de curar os enfermos ou ressuscitar os mortos, podemos ao menos dar um testemunho de vida cristã coerente, generosa e alegre. Porque o dom de operar milagres não é dado a todos, mas anunciar o evangelho, sim, é tarefa de todo cristão batizado.
Peçamos hoje a graça da disponibilidade para o anúncio do Reino. É preciso lembrar que tudo o que somos, temos e fazemos, tudo isso nós o devemos a Deus e deve ser partilhado com os demais.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.