Deus não nos trata segundo merecemos, mas com sua misericordia

Quinta-feira, 11/08/2022, Memória de Santa Clara, virgem
19ª Semana do Tempo Comum

 Na Liturgia desta quinta-feira da XIX Semana do Tempo Comum, vemos, na 1a Leitura (Ez 12,1-12), que o profeta, por meio de uma ação simbólica, faz uma advertência para o povo: o exílio é inevitável, mas não significa uma derrota de Deus; antes, é um ato que o revela a Israel e às nações para provocar conversão. Como diz o ditado: Deus tira o bem de todos os acontecimentos.

O Evangelho (Mt 18,21-19,1), por meio da parábola, nos diz que cada um de nós tem uma dívida impagável para com Deus, mas que Ele nos perdoa sem limites. Deus não nos trata segundo merecemos, mas com sua misericórdia. Somos salvos, não por nossos méritos, mas pelos méritos de Cristo. Entretanto, Deus quer que tenhamos compaixão de nossos irmãos. O texto conclui que, ao final de nossa existência, Deus retribuirá a cada um de acordo com a conduta que tivera em vida: “Perdoai-nos, assim como nós perdoamos”. Somos nós que decidimos quanto Deus deverá nos perdoar: a morte sela o que foram as ações em vida.

Concluo esta reflexão com as palavras do Pe. Raniero Cantalamessa:

Devemos estar atentos para não cair em uma armadilha. Existe um risco também no perdão. Consiste em formar-se a mentalidade de quem crê ter sempre algo que perdoar aos demais. O perigo de acreditar ser sempre credor de perdão, jamais devedores. Se refletirmos bem, muitas vezes, quando estamos a ponto de dizer: ‘Perdoo-te!’, se mudarmos nossa atitude e palavras e dissermos à pessoa que temos em frente: ‘Perdoe-me!’ Daríamos conta de que também nós temos algo para pedir perdão para ela. Ainda mais importante que perdoar é pedir perdão (Zenit, 09/09/2005).

Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.