Deus no coração humano é garantia de paz no mundo

Reflexão: Ano Novo de 2023
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

 

Na Liturgia do Ano Novo, celebramos a Festa de Nossa Senhora, Mãe de Deus, que nos oferece Jesus, o nosso salvador. Celebramos, também, o Dia Mundial da Paz, dia em que rezamos pela paz no mundo. Neste primeiro dia do ano, peçamos as bênçãos de Deus para nossa caminhada e a vida em plenitude para todos os povos.

Na Liturgia da Palavra, veremos, na 1a Leitura (Nm 6, 22-27), que fazer descer a bênção de Deus significa invocar sobre nós o seu nome, para que Ele mesmo venha a nós em sinal de salvação. Esta salvação se concretiza em proteger-nos, em ser-nos favorável, e no dom da paz, isto é, da abundância de felicidade.

A bênção mencionada nesta leitura era a fórmula usada no Templo de Jerusalém para abençoar a comunidade, no final das celebrações litúrgicas, antes de o povo regressar a suas casas. Na busca da bênção de Deus, pessoas e comunidades revelam seus anseios mais profundos por vida plena e em paz. É nesta relação com a vida e com a promoção da vida que reside o caráter sagrado e a função das religiões. Se somos abençoados, nossas ações contagiam o ambiente e influenciam a paz no mundo. Se Deus está no coração humano, teremos a garantia da paz no mundo. É desarmando o coração que evitaremos a guerra; na guerra, somos todos derrotados, pois não há vencedores. “A paz, a paz deve guiar o destino dos povos e da humanidade toda! Se quereis ser irmãos, deixai cair as armas de vossas mãos. Não se pode amar com armas ofensivas em puno” (Papa Paulo VI, Discurso na ONU, 04/10/1965).

Na 2ª Leitura (Gl 4, 4-7), o Apóstolo Paulo nos lembra que, com a chegada de Jesus Cristo, a humanidade atingiu a maioridade, mas adverte que cada pessoa deve tomar cuidado para não retornar à menoridade, isto é, à condição de escravo. Com a chegada de Cristo, a escravidão termina, a maior idade é atingida e o direito de filhos e herdeiros se realiza. Com isso, o Espírito do Filho Jesus clama em nós, com a linguagem carinhosa de criança: “Abba! Pai!” (Rm 8, 15).

No Evangelho (Lc 2, 16-21), vemos que os pastores são os primeiros a receber a notícia de que Jesus nasceu, o Messias dos pobres. Na sociedade da época, os pastores eram desprezados, porque não tinham possibilidade de cumprir todas as exigências da Lei. É para eles e para todos os que se encontravam nas mesmas condições que Jesus vem como salvador. No texto, vemos, também, que Jesus é circuncidado, a circuncisão era o rito mediante o qual se começava a fazer parte do povo eleito, recebendo um nome que exprimia a missão que o novo membro assumia na Aliança. Jesus será, como indica seu nome, o realizador da salvação. “Dará à luz um filho e lhe dará o nome de Jesus, pois Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados” (Mt 1, 21)

Finalizo esta reflexão desejando, de maneira especial aos paroquianos e aos que, durante este ano, nos acompanharam aqui neste meio de comunicação e de tantas outras formas, Um Feliz, Santo e Abençoado Ano Novo. Que a paz de Deus reine sobre a terra e em cada coração e que cada um seja uma benção para o mundo: “Em ti, todos os povos serão abençoados” (Gn 12, 3).

“O Senhor te abençoe e te guarde!

O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face, e se compadeça de ti!

O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a Paz” (Nm 6, 24-26).

Amém.

 


Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.