Distinção entre adoração e veneração

O segundo aspecto da devoção aos santos, alvo de crítica dos evangélicos, é a veneração, ora considerada por eles como adoração. Trata-se de uma visão distorcida sobre nossa relação com os santos.

A Igreja entende que realmente somente a Deus devemos render adoração. Para dirimir as dúvidas a Igreja realizou o segundo Concílio de Nicéia (787), onde os peritos da Igreja, em comunhão com o papa, entre outros assuntos, trataram sobre o culto aos santos. Ficou estabelecido nessa ocasião que somente a Deus devemos render o culto de latreia, que quer dizer culto de adoração. O Concílio designou como “dulia”, que quer dizer culto de veneração, a devoção aos santos. Para honrar nossa Senhora, reservou o termo “hiperdulia”, designando uma veneração especial que se deve atribuir a mãe de Jesus. (ALBERIGO, G. História dos Concílios Ecumênicos. São Paulo: Paulus, p.147-153, 1995).

O culto de veneração aos santos tem três dimensões, conforme ensinou esse concílio. 1ª Os fiéis são convidados a imitar os santos, 2ª os fiéis podem recorrer à intercessão dos santos, 3ª os fiéis podem venerar as imagens dos santos. Esse culto se distingue da adoração, porque a adoração consiste em reconhecer Deus como o Ser Supremo, Redentor e Salvador. A veneração implica apenas em respeito, imitação, admiração e amor aos santos.

A veneração aos nossos modelos da fé não está contra a Bíblia. Vemos nela a exaltação de alguns judeus piedosos. O Eclesiástico nos seus últimos capítulos exalta alguns modelos do povo (Eclo 44-50). Também o livro de Hebreus tece fortes elogios aos heróis na fé (Hb 13). A própria Nossa Senhora exclamou: “Daqui para frente todas as gerações me proclamarão bem-aventurada, pois o todo poderoso fez grandes coisas em meu favor” (Lc 1,48-49). Aclamando nossos santos bem-aventurados, somos convidados a nos inspirar no exemplo de vida dos mesmos, cientes de que eles sempre nos apontam para Jesus.

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