Reflexão litúrgica: quarta-feira
08/11/23, 31ª Semana do Tempo Comum
Na Liturgia desta quarta-feira, 31ª Semana do Tempo Comum, na 1a Leitura (Rm 13,8-10), o Apóstolo Paulo nos diz que o pleno cumprimento da lei é o amor. O cristão deve satisfazer seus débitos para com todos. Há um débito, contudo, que não pode ser saldado, que não se pode pagar de uma vez por todas, ou a prazo fixo. É o débito do amor, que renasce sempre em qualquer ocasião. De fato, o dever do amor ao próximo nos acompanha por toda a parte. Constitui a alma, a essência de todas as leis, inclusive a mosaica. Todos os preceitos se resumem, com efeito, e se realizam na observância do mandamento: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Sua observância implica a atualização de todos os mandamentos.
No Evangelho (Lc 14,25-33), Jesus nos ensina que ser discípulo implica rupturas e disposição para enfrentar conflitos com as forças que se opõem a sua proposta de vida e liberdade. O desapego pressupõe riscos e o seguimento poderá nos levar a contrariar alguém por defendermos a justiça e a verdade. Para alcançar o reino de Deus é indispensável obedecer ao chamado de Jesus, mas cada um deve avaliar as próprias forças e se decidir para não desanimar no caminho, isto é, ser realista, não ter ilusões. “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12, 11). As exigências de Cristo aos seus discípulos são radicais, só assim serão dignos Dele. Devem decidir-se por Cristo, mesmo à custa de perder o afeto dos familiares e enfrentar uma vida crucificada, pois o morrer é que faz germinar a vida em sua plenitude. A dignidade do discípulo está no fato de nele estar presente o Cristo, embora seja uma frágil criatura. O que conta e deve ser vivida de forma absoluta é sua fé em Cristo.
O discípulo de Cristo deve estar imbuído de uma mística cristã para ter coragem de levar adiante a ideia e as propostas do reino, deverá lutar não somente um dia, um ano, mas deve estar preparado para lutar por toda a vida, como muito bem resume um trecho do escritor e poeta alemão Bertolt Brecht: “Existem homens que lutam um dia e são bons; existem outros que lutam um ano e são melhores; existem aqueles que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, existem os que lutam toda a vida. Estes são os imprescindíveis”.
O cristianismo é uma escolha. Diante de Cristo tudo o mais se torna relativo: “Por causa de Cristo, porém, tudo o que eu considerava como lucro agora considero como perda. Mais ainda: considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu senhor Jesus Cristo. Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar cristo, e estar com ele” (Filipenses 3, 7-9).
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos para o Reino de Deus.
Padre Leomar Antonio Montagna é presbítero da Arquidiocese de Maringá, Paraná. Doutorando em Teologia e mestrado em Filosofia, ambos pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR – Câmpus de Curitiba. Foi professor de Teologia na Faculdade Missioneira do Paraná – FAMIPAR – Cascavel, do Curso de Filosofia da PUCPR – Câmpus Maringá. Atualmente é Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Graças em Sarandi PR.